sábado, outubro 17, 2009

A (lenta e triste) morte da radiodifusão internacional na Onda Curta:

Muito triste, mas real: a crise económica continua a provocar efeitos colaterais e as emissoras internacionais não estão livres de problemas financeiros. Como, infelizmente, se tem verificado ao longo dos últimos anos, as emissões em Onda Curta são das primeiras actividades a serem sacrificadas, mesmo sabendo que existem regiões do Mundo onde o acesso às emissões internacionais por outros meios é muito condicionado, por dificuldades técnicas e económicas.

Segundo notícias recentes, as emissoras internacionais da Bélgica, a VRT (em holandês) e a RTBF (em francês) pretendem terminar os serviços em Onda Curta, por forma a reduzir custos.

Como se não bastasse, consta que a Rádio Praga (República Checa) pretende também terminar as emissões na HF/OC...

Mais informações:

RTBF - "La direction de la RTBF explique le plan d'économies au personnel" (notícia em francês)
VRT - "Radio Vlaanderen International to leave shortwave" (via shortwave central - em inglês)

Se, em pleno século XXI, vivemos num mundo rodeado de Internet, de TV e rádio por satélite, de DAB, de DRM, entre outras tecnologias que realmente podem mudar o rumo da rádio... não nos devemos esquecer que há milhões de pessoas a residirem em países onde por vezes o acesso à electricidade não é universal, a Internet, se existe, é cara e muito lenta, e, não menos importante, o acesso a essas tecnologias não será viável economicamente para muitas pessoas.

Não raras vezes, em países em vias de desenvolvimento, um pequeno receptor de rádio com Onda Curta é o meio mais eficiente, barato e prático de aceder a notícias e programas radiofónicos internacionais... mesmo quando por vezes a Internet é censurada e o satélite condicionado pelos regimes ditatoriais! Não raras vezes, mesmo que os estados ditatoriais invistam em sistemas de empastelamento (jamming) de emissões estrangeiras, há sempre quem continue a ouvir essas emissões, construindo antenas caseiras para atenuar as emissões de empastelamento!

É precisamente por isso, pelo facto de a Onda Curta ser um meio universal, que deveria continuar a ser considerada como um meio de difusão prioritário... mas, infelizmente, frequentemente, o equilíbrio financeiro das emissoras fala mais alto.

1 comentário:

António Silva disse...

A juntar a isso temos um incrível acréscimo do nível de interferências devido ao uso generalizado de computadores, PLC, set-box, lâmpadas de baixo consumo, etc. que atacam principalmente as frequências abaixo dos 30Mhz. Hoje é cada vez mais difícil estudar ondas curtas.