sábado, maio 28, 2011

RDPi "suspende temporariamente" a Onda Curta a partir do dia 1 de Junho:

Vergonhosa, narcisista, tartufa e sovina: quatro adjectivos para descrever a decisão da RTP de desligar de vez,  perdão, "suspender temporariamente" as emissões em Onda Curta da RDP Internacional, a partir do dia 1 de Junho.

Como se não bastassem os argumentos falaciosos da RTP, eis que a Associação Portuguesa de Radiodifusão tomou a liberdade de, na pessoa do seu presidente, José Faustino, pronunciar-se a respeito desta questão. Segundo o mesmo, «acho que ninguém [fica afetado]. Já ninguém ouvia aquilo e estava-se a gastar dinheiro. Não faço ideia de quanto custa, mas operar em onda curta é bastante caro. E não faz sentido, porque hoje há satélite e há internet». Ora, com todo o respeito pelo Sr. Faustino, tais declarações, baseadas apenas nos comunicados da RTP, não contribuem para uma avaliação séria da situação. A não ser que a APR tenha efectuado um estudo acerca das audiências da RDPi nos vários meios de distribuição, uma entidade reputada no sector da radiodifusão não deveria tirar ilações sem considerar a outra face do problema: os ouvintes.

Será que a APR, instituição que defende o interesse do meio radiofónico não devia olhar para as questões do sector tendo em consideração o elemento-chave do processo de comunicação via rádio, que não é mais nem menos do que o ouvinte? Afinal de contas, de que serviriam as rádios se não houvesse ouvintes? Será que algum iluminado da APR tem uma noção mais ou menos exacta da quantidade de ouvintes da RDPi  que a ouve na Onda Curta, do número de ouvintes via satélite e do número de ouvintes via cabo? Exceptuando a Internet, onde a RTP pode determinar o número de ouvintes ligados ao servidor da rádio pública, os restantes meios não podem fornecer dados sobre os ouvintes, devido à unidireccionalidade da transmissão. A única forma de saber quem e como ouve será através de inquéritos dirigidos às comunidades de emigrantes portugueses, luso-descendentes e restantes lusófonos espalhados pelo mundo. E saberá o Sr. Faustino explicar a todos os ouvintes que o solicitem, como poderão aceder a meios alternativos de recepção da RDPi? Será, então, a APR capaz de indicar aos ouvintes como poderão adquirir e montar antenas parabólicas para ouvir a RDPi? Saberá a APR que operadores de cabo espalhados pelo mundo dispõem da RDPi na sua grelha? Mais uma vez, com toda a consideração pela pessoa do Sr. Faustino, seria desejável que o presidente da APR tivesse uma atitude muito mais prudente e responsável, avaliando criteriosamente a situação antes de comentar a situação em causa.

Vai-me desculpar, Sr. Faustino, mas com toda a estima que tenho por si, devia olhar para os nossos compatriotas emigrantes nos quatro cantos do mundo. Afinal, demagogia barata não credibiliza uma pessoa e uma instituição, quando se sabe que há ouvintes que ouvem a RDPi em Onda Curta e, prova disso, serão, certamente, as inúmeras reclamações que têm chegado ao Provedor do Ouvinte da RTP.


Infelizmente, os desenvolvimentos dos últimos dias sugerem que alguns iluminados expõem a sua posição sem se dignarem ouvir de viva voz os principais interessados no serviço da RDPi (os ouvintes), sem se darem conta da sua atitude cínica e  hipócrita (para não dizer ignóbil), que em nada defende o direito de acesso à rádio internacional portuguesa por parte dos nossos concidadãos no estrangeiro, a par dos restantes lusófonos que ouvem a RDP Internacional.

Por outro lado, há que louvar a defesa do serviço em Onda Curta da RDPi proveniente de muitos ouvintes da RDPi, é certo, mas também por muitos cidadãos, começando no cidadão comum preocupado com os seus compatriotas residentes fora do seu país natal, mas passando por radioamadores e Dxistas, a par de cidadãos do Brasil e de outros países lusófonos, sem descurar as declarações de um comandante  da Marinha Mercante, que não ficam satisfeitos com a argumentação da RTP, expondo um conjunto de situações que podem dificultar ou até aniquilar a recepção da RDPi, mormente em movimento. Trabalhar numa embarcação ou num camião é uma prática que, por força das limitações técnicas inerentes à recepção em movimento, incluindo as restrições de espaço, priva os nossos compatriotas da audição da RDPi enquanto desempenham a sua actividade profissional. Imagine-se o que seria ter uma antena parabólica de 3 metros de diâmetro num camião a circular em plena estrada africana! Imagine-se como um comandante naval poderá sintonizar a RDPi numa embarcação onde não há antena parabólica ou esta tem características inadequadas à recepção da RDPi via satélite.  Imagine-se como pode um ouvinte continuar a acompanhar as novidades de Portugal numa qualquer região onde não tem acesso à Internet e não pode recorrer à antena parabólica!

Tal como seria de prever, num país que ao longo de séculos se destacou nas actividades marítimas, começando nos grandes navegadores e passando pelo comum dos pescadores, ainda existem muitos portugueses ligados à pesca nas costas do Canadá e na Terra Nova, por exemplo que se socorrem da RDP Internacional para se manterem a par da actualidade portuguesa. De igual modo, há muitos camionistas portugueses que viajam pela Europa ou pela África a ouvir a emissora internacional portuguesa. A partir da próxima quarta-feira, deixam de poder ouvir a RDPi na estrada e terão dificuldades acrescidas para ouvir no mar.


Mas afinal, não há ouvintes da RDPi em Onda Curta? Naturalmente que sim... os mesmos que não serão decerto acéfalos e já depreenderam as razões pelas quais a RTP está tão interessada em terminar com tecnologias analógicas obsoletas (ironia): tudo se resume ao politicamente correcto, numa óptica de contenção desenfreada de despesas, sem ganhar a coragem de admitir publicamente que tudo não passa de um plano para equilibrar contas sacrificando os ouvintes em detrimento de cortes em áreas sobejas onde os interesses instalados deviam dar lugar ao verdadeiro serviço público prestado aos ouvintes e telespectadores!

Já agora, senhores administradores da RTP, tenho algumas propostas melhores para cortar na despesa: fechem ou privatizem a RTP N. Aproveitem para fundir a RTP África com a RTPi e a RDP África com a RDPi. Por último, acabem de vez com todos os utensílios de cozinha (leia-se tachos) supérfluos no serviço público de rádio e televisão. Os ouvintes e telespectadores, que querem um serviço público eficiente e de qualidade, agradecem! Mas ao menos tenham mais deferência por quem escuta a rádio internacional portuguesa, que desde o seu início (em 1936) sempre enobreceu a Língua e a cultura portuguesas, glorificando um dos mais excelsos símbolos da História de Portugal no mundo, que o nobre povo lusitano divulgou por África, pelo Brasil, por Timor-Leste e um pouco por todo o mundo, que não é senão a própria Língua de Camões!


**Este texto não foi escrito ao abrigo do "Acordo" Ortográfico**

segunda-feira, maio 16, 2011

RDP África com nova frequência em Cabo Verde (ilha de São Nicolau):

Segundo o relato do membro "TMG" do Fórum da Rádio, a RDP África colocou em funcionamento mais uma frequência em Cabo Verde, passando também a ser escutada na ilha de São Nicolau. O novo centro emissor situa-se no Monte Gordo (ilha de S. Nicolau) e opera nos 95,1 MHz com 1 kW de potência. Esta nova frequência deverá cobrir a totalidade da ilha, mormente a vila da Ribeira Brava.

De referir que a RDP África tem uma rede de emissores que cobre grande parte de Cabo Verde. A saber:


  • ILHA DO SAL: Morro Curral - 97,5 MHz
  • ILHA DE SANTIAGO: Mte. Tchota - 105,2 MHz
  • ILHA DE SANTIAGO: Mte. Pensamento - 106,1 MHz
  • ILHA DE S. VICENTE: Mte. Verde - 93,9 MHz
  • ILHA DA BOAVISTA: Sal-Rei - 95,1 MHz
  • ILHA DE S. ANTÃO: Pedra Rachada - 105,2 MHz
  • ILHA DE S. ANTÃO: Pinhão - 95,7 MHz
  • ILHA DO FOGO: S.Filipe - 93,9 MHz
  • ILHA DE S. NICOLAU: Monte Gordo - 95,1 MHz
Romântica FM regressará em breve ao Grande Porto!

Segundo uma deliberação da ERC, a Rádio 5, cadeia de rádios que utiliza as frequências da Rádio Lidador (100,8 Maia), Rádio Voz de Santo Tirso (98,4), Aveiro FM (96,5), Rádio Mar (89,0 Póvoa de Varzim) e Rádio Trofa (107,8 MHz Trofa) terá solicitado à entidade reguladora a revogação da alteração do projecto aprovado para os 100,8 MHz Maia, que passaria a chamar-se "Rádio 5 FM" e mudaria de categoria, de temática musical para generalista. A estação maiata alega não estarem reunidas as condições técnicas, humanas e económicas para avançar com o projecto, pelo que pretende a manutenção do serviço de programas temático musical, sob a designação "Romântica FM".

A prosseguir esta alteração, a Romântica FM regressará em breve aos 100,8 MHz Maia, mas agora na frequência da Rádio Lidador, já que a Rádio Lidador e a Vodafone FM (ex-Romântica) trocaram de frequência, passando a rádio da operadora de telecomunicações para os 94,3 MHz, ao passo que a Lidador mudou para os 100,8 MHz.

De referir que a estação promete relançar a Romântica FM recorrendo a recursos próprios. Como a Romântica FM deixou de emitir de Lisboa (ex- 107,2 Amadora) e apenas emite nos 92,8 Figueiró dos Vinhos (distrito de Leiria e próximo de Coimbra), é provável que a "nova" Romântica seja emitida a partir dos estúdios da Maia.
Venda da Rádio Europa Lisboa volta à estaca zero...

A venda da Rádio Europa Lisboa à Dreamradios, S.A., sociedade fundada, entre outros, por Emídio Rangel, não se concretizou. Ao que parece, a falta de financiamento da empresa levou a abortar o negócio entre a RFI e a empresa do jornalista e fundador da TSF. A estação lisboeta já requereu junto da ERC a revogação da alteração de domínio e projecto aprovado para os 90,4 MHz, que, caso o processo seguisse avante, transformar-se-ia numa rádio de informação.

Nestas circunstâncias, a Rádio France Internationale deverá continuar à procura de comprador. Ofertas, aceitam-se!

segunda-feira, maio 09, 2011

NFM emite agora também nos 99,0 + 88,2 MHz Pedrógão Grande (Rádio Triângulo):

A NFM passou a ser retransmitida pela Rádio Triângulo 99,0 + 88,2 MHz Pedrógão Grande (distrito de Leiria). A «Rádio que toca» reforça, assim, a sua posição na região centro, não obstante a cobertura fraca das capitais de distrito mais próximas, Coimbra e Leiria, motivada em grande parte pelas restrições de azimute íimpostas pela ANACOM ao emissor principal da Rádio Triângulo (99,0 MHz). De facto, o emissor localiza-se na Serra de S. João, no vizinho concelho de Figueiró dos Vinhos, a cerca de 1000, de altitude, bem perto do emissor da Romântica FM Figueiró (92,8 MHz); ao estar num concelho limítrofe e por utilizar uma frequência muito próxima da Rádio Foz do Mondego (99,1 Figueira da Foz), o emissor da Rádio Triângulo/ NFM tem um reflector apontado para norte/oeste, limitando muito o sinal na direcção da cidade dos estudantes. Já a segunda frequência, 88,2 MHz, limita-se a ser uma microcobertura para a vila de Pedrógão Grande.

Esta aquisição da NFM reforça a rede de emissores da estação, que passa a constar dos seguintes emissores: 89,2 MHz Amarante, 88,4 MHz Monte da Virgem, 96,0+105,6 Ponte de Sor (distrito de Portalegre), 102,9 MHz Aljezur (Algarve), 94,8 MHz Bombarral,  103,2 MHz Vila de Rei (distrito de Castelo Branco) e 99,0 + 88,2 MHz Pedrógão Grande (distrito de Leiria).
RTP  desactiva DAB no dia 1 de Junho:

A RTP prepara-se desactivar o seu serviço DAB no próximo dia 1 de Junho, alegando as fracas audiências neste sistema de transmissão (em grande parte devido à escassez de receptores no mercado português e ao próprio desconhecimento da rede DAB por grande parte da população), mas principalmente os elevados custos de operação. Acresce o facto de o DAB nunca ter despertado interesse das rádios nacionais privadas, pelo que o Bloco 12B emite a Antena 1, Antena 2, Antena 3, RDP África e RDP Internacional.

A rádio pública alega que as três rádios nacionais disponíveis em modo digital são escutadas também em FM, pelo que os ouvintes não ficarão privados de sintonizar a Antena 1, Antena 2 e Antena 3.
ANACOM autoriza "suspensão temporária" da Onda curta da RDPi:

Numa decisão perfeitamente aceitada e compreendida pelos ouvintes, a RTP, com o aval da ANACOM, acha por bem terminar com as emissões da RDPi na ruidosa, monofónica e distorcida tecnologia analógica de transmissão em Onda Curta. Afinal, com tecnologias digitais tão modernas e eficientes como as transmissões via satélite e a Internet, quem é que precisa da velha Onda Curta?


De facto, quem é que não poderá instalar uma antena parabólica de 3,5 ou 4 metros para ouvir a RDPi no coração de África ou da Ásia? Até mesmo numa simples varanda é rápido e fácil montar uma antena com 4 metros de diâmetro, que cabe perfeitamente num cantinho, sem causar grandes constrangimentos técnicos ou estéticos. Mesmo na Europa e América, até uma antena com um metro de diâmetro se instala tão facilmente em qualquer prédio do centro de Berlim ou num arranha-céus de Nova Iorque. Que justificação arranjará, então, o ouvinte para não ouvir a RDP Internacional? E, se por mero acaso, o ouvinte não puder instalar uma parabólica, sempre pode recorrer a outros meios para ouvir a RDP Internacional. Afinal,quem será o lusófono radicado em qualquer parte do Mundo que não consegue aceder à Internet? Até no mais remoto cantinho do solo africano é tão fácil ter um computador e uma ligação à Internet em banda larga que permita acompanhar a realidade portuguesa.

Num mundo global, estar em Londres, Nova Iorque, Tóquio, Maputo, Daca ou no Sri Lanka, é basicamente a mesma coisa. Internet rápida e barata está disponível em qualquer cidade ou aldeia de qualquer país do mundo, logo a RDPi pode ser escutada em qualquer recanto do globo terrestre.

E nas principais cidades europeias e americanas? Com o desenvolvimento de redes de cabo que, além dos serviços de TV e Internet costumam ter serviço de rádio, quem é que, servido por tal meio tecnológico em pleno centro de Basileia, Paris ou Toronto não tem acesso à RDPi?

E os camionistas portugueses ouvintes da RDPi que por força da profissão, têm de ouvir a RDPi nos seus camiões? Sempre podem viajar Europa fora com uma antena parabólica montada no veículo. Ou então sempre podem recorrer à Internet móvel, disponível em todas as estradas do continente europeu a preços irrisórios, mormente se recorrerem ao "roaming".  O estimado ouvinte da RDPi não precisa da Onda Curta, quando há tecnologias que substituem completamente este modo de transmissão. Estarei certo?

Ah, caro ouvinte da RDPi: quase que me esquecia de referir que,  no caso excepcional de não poder ouvir a RDPi via satélite, cabo ou Internet, a RTP dá-lhe uma quarta sugestão: emigre para Timor-Leste, que em Díli poderá ouvir confortavelmente a RDPi em FM nos 105,3 MHz!


Para os estimados leitores deste artigo que não detectaram qualquer ponta de ironia neste meu escrito, este texto reflecte a realidade da implantação das novas tecnologias de comunicação e informação no mundo, evidenciando a improficuidade das emissões em Onda Curta da RDPi face às novas tendências de comunicação desta aldeia global em que vivemos... Aos restantes, apelo que mostrem a vossa "gratidão" à RTP pelo "excelente" serviço público oferecido com a supressão, perdão, suspensão das transmissões em OC...