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domingo, março 27, 2022

Onda curta: frequências de diplomacia e propaganda à prova de guerra

Para quem assina a edição online do jornal "Público", recomendo vivamente a leitura do artigo "Onda curta: frequências de diplomacia e propaganda à prova de guerra", da autoria do jornalista Ruben Martins mas, modéstia à parte, com uma pequena colaboração da minha pessoa.

Com efeito, em 2022 e apesar da rádio via Internet ou satélite ser dada como garantida em grande parte do mundo, a guerra na Ucrânia veio mostrar que, afinal, a Onda Curta, a tal tecnologia "cara e obsoleta", funciona e faz falta quando o acesso a outros meios de comunicação fica comprometido. Nada substitui um pequeno rádio a pilhas ou a bateria recarregável que funciona numa cidade, no campo, numa ilha deserta ou até numa embarcação de pesca sem precisar sequer da energia da rede eléctrica, quanto mais da Internet que pode falhar ou ser alvo de censura. A única forma de silenciar uma emissão hostil em Onda Curta será, invariavelmente, atacar um emissor situado a milhares de quilómetros. Mesmo que alguns países gastem milhares ou milhões de euros em equipamentos de emissão para empastelamento, as ondas de rádio não conhecem fronteiras e haverá sempre quem construa uma antena direccional para escutar uma rádio proibida.

quarta-feira, março 02, 2022

A Onda Curta funciona e faz falta!

Permitam-me a apropriação de um chavão político ouvido em Portugal para salientar que a Onda Curta, aquela tecnologia considerada cara e obsoleta, afinal é muito útil no ano de 2022, quando rebentou uma guerra com uma dimensão inimaginável há semanas.
Numa altura em que o povo ucraniano está a ser barbaramente oprimido de forma violenta pela Rússia, parece que a BBC não é a única estação a perceber que a Onda Curta é muito útil quando as forças submissas a Putin podem, a qualquer momento, destruir na Ucrânia infra-estruturas e equipamentos fundamentais para as comunicações dentro do país e do país para o exterior, nomeadamente através da Internet. Afinal, por mais computadores, mais cabos de fibra óptica, mais routers ou mais quaisquer outros equipamentos que possam ser inoperacionalizados pelos russos, as forças militares ao serviço do Kremlin não conseguirão destruir um emissor de Onda Curta a milhares de quilómetros de Kyiv sem atacar outro país ou até outros países.

A ÖRF, a rádio pública austríaca, que se limitava a ter uma emissão diária em Onda Curta durante a manhã, passou a emitir a Ö1, a estação congénere da nossa Antena 1, em três horários diários, a partir do centro emissor de Moosbrunn.

Para quem quiser ouvir as emissões, dirigidas à Ucrânia e outros países da região, ficam as frequências e os respectivos horários:

  • 6155 kHz, entre as 6h e as 7h20 UTC.
  • 13730 kHz, entre as 11 e as 12h UTC, de segunda-feira a sábado.
  • 5940 kHz, todos os dias excepto sábados, das 17h às 17h25, salvo às sextas, em que acaba às 17h20, e aos domingos, em que acaba às 17h15.
No meio do sangue, da destruição e de milhares, se não milhões de refugiados inocentes, um pequeno rádio com Onda Curta e a pilhas não poderá, infelizmente, fazer o milagre de devolver a paz ao povo ucraniano, mas poderá ser a diferença entre estar-se isolado do mundo ou estar-se minimamente informado do que ocorre na Ucrânia. Esta guerra não tem razão de ser a não ser o egocentrismo expansionista e sem escrúpulos do tirano Vladimir Putin. Slava Ukraini!

sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Rádios de vários países apostam em emissões especiais dirigidas à Ucrânia

 A Ucrânia está em guerra e algumas rádios com cobertura hertziana através da Onda Longa, Onda Média ou Onda Curta realizam agora emissões informativas a cobrir a actualidade do país invadido pela Rússia.

  • A SRR, operador da rádio pública da Roménia, país vizinho da Ucrânia, substituiu a "Antena Satelor" pela "Radio România Actualități" na Onda Longa (153 kHz), reforçando a cobertura radioeléctrica da estação generalista.
  • A britânica BBC tem agora duas emissões diárias em Onda Curta dirigidas à Ucrânia, das 20 h até às 22 h UTC nos 5875 kHz  e  das 14h às 16h UTC nos 15735 kHz. 
  • A rádio americana WRMI passou a emitir, na Onda Curta e todos os dias à excepção das sextas-feiras, o serviço em inglês da Rádio Ucrânia Internacional, das 12h00 às 12h30 UTC, na frequência de 5010 kHz
  • Na Itália, a NEXUS-International Broadcasting Association de Milan aumentou a potência do seu emissor de Onda Média (1323 kHz) e realiza, entre as 19h e as 23h CET, uma emissão dirigida ao país de Leste em confronto bélico.

Infelizmente, o continente europeu voltou a ter uma guerra - e não obstante o desinvestimento na Onda Curta e até na Onda Média e na Onda Longa por parte de muitos países, ainda há estações que se preocupam em usar os poucos meios de que dispõem para informar os ucranianos do que se passa no país - o que pode ser crucial se as forças ocupantes destruírem a rede eléctrica, as redes de telecomunicações, e um pequeno rádio a pilhas que tenha Onda Longa, Onda Média e Onda Curta seja a última ligação de muitos ucranianos ao mundo exterior.

quinta-feira, fevereiro 03, 2022

Coisas que vale a pena ouvir no bom e velho receptor de rádio com Onda Média e Onda Curta: emissão especial da Rádio Andorra

Porque a rádio também serve para recordar a própria rádio que se fazia no passado, um bom pretexto para ouvir a Onda Média ou a Onda Curta no próximo sábado é a emissão especial do programa "Carte Blanche" da extinta Rádio Andorra, gravado no dia 1 de Julho de 1979 e apresentado por Daniel Balavoine, um cantor francês falecido de forma trágica em 1986 aos 33 anos de idade.

O programa, restaurado a partir de uma cassete por Christian Milling, será captável em Portugal na Onda Média, através do emissor de 1000 kW da TWR Europe em Roumoules (França), nos 1467 kHz, entre as 19h00 e as 21h00 UTC do próximo sábado, dia 5 de Fevereiro de 2022; para quem prefere tentar a Onda Curta, saiba que o programa vai ser também emitido para várias zonas e em determinados horários:

  • Para a América do Norte, entre as 12h00 e as 14h00 UTC do mesmo dia, nos 5850 kHz (100 kW) da WRMI Florida;
  • Para a Europa (central), entre as 16h30 e as 18h30 UTC, nos 6175 kHz, através do centro emissor de Moosbrunn, na Áustria, com 100 kW;
  • Para a Ásia, África e parte da América do Norte, entre as 21h30 e as 23h30 UTC, nos 7400 kHz, através do centro emissor de Gavar (Arménia), com 300 kW.

A quem tentar realizar a escuta, desejo uma boa captação!

quinta-feira, dezembro 23, 2021

Coisas que vale a pena ouvir no bom e velho receptor de rádio durante o Natal

Para quem aproveita a quadra natalícia para ouvir rádio, importa referir que, além da programação habitual de algumas rádios, há outras estações que realizam emissões especiais por estes dias. Se no FM em Portugal deveremos ter uma programação semelhante a outros natais, com cerimónias religiosas na Rádio Renascença, músicas de Natal na Rádio Comercial e na RFM e até missa na RFM, no dia 25 de manhã, entre outros programas, para quem gosta de ouvir emissões na Onda Curta tem uma oferta interessante de programas que vão para o ar nesta época festiva.

NDR – Gruss an Bord:
A rádio alemã NDR realiza uma emissão especial na Onda Curta entre as 18 e as 21 horas UTC do dia 24, nas frequências de 6080  (Tashkent),    9610 (Moosbrunn), 9740  (Nauen), 9820  (Issoudun), 11650  (Nauen) e 15770 kHz (WRMI, Okeechobee). Esperam-se três horas de conversa, boa música e cumprimentos aos marinheiros alemães que ouvem a Onda Curta bem longe de casa.

Rádio Vaticano:

Como não deixaria de ser, a emissora católica mais importante do mundo vai emitir a missa celebrada a partir da Basílica de São Pedro, com comentários em várias línguas. Assim, no dia 24 e entre as 18h20 e as 20h15 UTC, é possível acompanhar a missa com comentários em inglês nos 7425 kHz e em francês noutra frequência (provavelmente nos 9850 ou nos 9580, a frequência exacta não está, para já confirmada). Já no dia 25, a benção Urbi et Orbi é transmitida ao vivo da cidade do Vaticano entre as 10h55 e as 11h30, com comentários em português nos 17520 kHz, comentários em francês nos 15575 e em inglês nos 17540 kHz.

Muito mais haveria a dizer, mas prefiro recomendar o trabalho do Alan Roe, que teve a gentileza de ajudar a comunidade de entusiastas da rádio compilando uma lista das emissões que vale a pena tentar escutar por estes dias. Aproveito para desejar um Santo e Feliz Natal a todos os leitores deste blogue e aos visitantes do site "Mundo da Rádio".


sábado, dezembro 11, 2021

Coisas que vale a pena ouvir no bom e velho receptor de rádio

Porque a rádio não é feita apenas pelas estações mais conhecidas, nem tão-pouco pelas estações que só emitem no FM ou na Internet, importa referir que, apesar de, infelizmente, já terem desaparecido muitas estações, ainda há rádios na Onda Longa, na Onda Média e na Onda Curta que vale a pena ouvir.

Neste sentido, venho apresentar três sugestões de escuta para este final de semana e início da próxima. A primeira diz respeito à "AM Italia", uma estação que vai realizar uma emissão especial na Onda Longa neste domingo, dia 12 de Dezembro, a partir das 19h UTC (hora de Inverno em Portugal continental e na Madeira, menos uma hora nos Açores), na frequência de 207 kHz. Apesar de se tratar de um emissor com apenas 1 kW e de utilizar uma antena relativamente curta, quem tiver um bom rádio com Onda Longa pode procurar um local com pouco ruído e tentar sintonizar esta estação italiana.

Da Itália para o Reino Unido, quem gosta de boa música dos anos 60 aos anos 90 pode tentar ouvir a "Radio Caroline North", um projecto que é transmitido neste sábado e amanhã, domingo, não só na Onda Média da Radio Caroline (648 kHz) mas também através da Manx Radio (1368 kHz). Importa acrescentar que, tendo em conta que a Rádio Nacional de Espanha tem um emissor em Badajoz nos 648 kHz, a frequência da Manx Radio é que oferece uma melhor qualidade de recepção no Sul de Portugal, em especial no Alentejo e Algarve. Obviamente que as duas frequências só são audíveis por cá durante a noite.

A terceira sugestão é dedicada a quem gosta de rock and roll dos anos 50 e 60. A "Mighty KBC Radio", estação que emite na Onda Curta a partir do centro emissor de Nauen, na Alemanha, todos os fins-de-semana, apresenta uma hora de clássicos da música rock a partir das 0h UTC de domingo, nos 5960 kHz. A emissão não termina à 1h, já que há outro programa entre a 1 e as 2 horas. De notar que os dois programas estão direccionados aos ouvintes americanos, mas, e dependendo das condições, as emissões são muitas vezes audíveis de forma satisfatória por cá, em Portugal.

Estamos certos que as emissões em modulação de amplitude não têm a qualidade de som e o conforto de audição das emissões em FM ou através da Internet, por exemplo. Contudo, para quem gosta de rodar o botão de sintonia e, passe o pleonasmo, sintonizar uma estação longínqua, nada substitui o som de um receptor de rádio. Por vezes com ruído, por vezes com distorção, com desvanecimento, mas a rádio hertziana continua a ter uma "magia" inimitável, jamais substituível pelo dedo no ecrã do smartphone ou no botão do rato do computador.

terça-feira, agosto 24, 2021

Myanmar confisca rádios com Onda Curta!

Se dúvidas houvesse que em 2021 as emissões em Onda Curta ainda incomodam regimes políticos, uma notícia recente dá conta da nova forma de censura por parte da junta militar que governa com pulso de ferro Myanmar, a antiga Birmânia.

O governo exilado por força da ditadura militar lançou a Rádio NUG, uma estação anti-regime transmitida em Onda Curta para o país asiático. A solução? Ordenar o confisco dos rádios com Onda Curta que estejam à venda nas lojas. Depois da proibição das antenas parabólicas e das restrições no funcionamento da Internet, a única coisa que o regime podia fazer contra as emissões hostis era tentar conter os danos, evitando que mais ouvintes sintonizem estações de rádio que emitam a partir do estrangeiro.

Para quem estiver em Portugal, é possível tentar escutar a Rádio NUG nos 17710 kHz em dois períodos do dia: a partir das 2h30 (hora portuguesa, 1h30 UTC) e a partir das 14h30 (13h30 UTC). Obviamente que quem estiver noutro país poderá sintonizar a frequência referida, devendo para o efeito determinar os horários na hora local do país onde se encontra.

Não há dúvida que a rádio tem uma característica inegualável por qualquer outro meio de comunicação: a capacidade de atravessar fronteiras sem que no território de destino das emissões seja possível fazer muito mais do que empastelar, interferir deliberadamente as emissões, ou confiscar receptores.

quarta-feira, agosto 18, 2021

A rádio, o meio que pode levar informação, música, desporto e entretenimento a quem vive com medo

O mundo assistiu incrédulo ao regresso do regime talibã ao Afeganistão. Enquanto se assiste à fuga desesperada de quem receia ser brutalmente punido ou até morto pelos radicais, os talibãs não perderam tempo a implementar a "Voz da Sharia", a estação que substitui o formato anterior da rádio pública do país. A partir de agora, as emissões nos 1107 kHz cumprem a versão mais fundamentalista da lei islâmica. Não se sabe o que vai acontecer às restantes rádios do país asiático.

Com a comunicação social dominada por um regime cruel que não respeita os mais elementares direitos humanos, eu diria que um acto de coragem no Afeganistão é ligar um rádio na Onda Curta ou na Onda Média para ouvir estações mais liberais do que a visão extremista dos talibãs. A Voz da América e o Serviço Mundial (World Service) da BBC são duas das estações que emitem nas línguas dari e pastó para o Afeganistão. 

Também a Voz da Turquia, a Rádio Internacional da China, a All India Radio e até a Voz da República Islâmica do Irão e a rádio saudita emitem também na Onda Curta para o Afeganistão. Uma coisa é certa: a rádio não conhece fronteiras e consegue fazer-se ouvir mesmo num país onde nos próximos tempos vai ser incómoda para o poder religioso e político.

Diria que um dos grandes medos dos afegãos que não se revêem no fundamentalismo vai ser o de ser apanhado a ouvir uma estação de rádio proibida pela visão radical da religião islâmica. Ouvir uma rádio não simpatizante da causa talibã sem que ninguém se aperceba vai ser um acto heróico para muitos afegãos.

Para quem tiver curiosidade em saber a situação das rádios afegãs e as emissões internacionais dirigidas ao Afeganistão, sugiro a consulta deste guia publicado por um grupo de DX britânico.

terça-feira, dezembro 18, 2018

Onda Corta en portugués? ¡Por supuesto!

No programa "Em nome do ouvinte" da passada sexta-feira, dia 14 de Dezembro, o Provedor do Ouvinte da rádio pública aborda a situação dos canais internacionais radiofónicos da RTP, a RDP Internacional e a RDP África.

Como não podia deixar de ser, o assunto Onda Curta da RDPi não ficou de fora das críticas do Provedor, havendo até lugar para a ironia da situação: enquanto Portugal abdica de um instrumento importante de soberania radiofónica e de promoção da língua e da cultura do país, no país vizinho a Rádio Exterior de Espanha reforçou as emissões em Onda Curta em português (com sotaque brasileiro).

É bom ver que há emissoras internacionais como a REE a apostar na língua portuguesa? Sem dúvida. Melhor ainda seria se víssemos a administração da rádio pública conseguir perceber o papel único que a Onda Curta desempenhava na aproximação dos emigrantes, dos luso-descendentes e demais lusófonos,
a Portugal. E, quase oito anos volvidos sobre o encerramento das emissões em OC da RDP Internacional, ainda há, felizmente, quem lamente esta decisão. A Internet pode ser censurada num determinado país, as antenas parabólicas podem ser proibidas numa qualquer região... mas a Onda Curta continua a poder ser ouvida por quem quer estar ligado ao seu país, à sua terra natal, às suas raízes.

quarta-feira, outubro 10, 2018

RTP: Centro Emissor de Onda Curta (São Gabriel) ao (quase) abandono

Uma notícia recente publicada no site do jornal "Correio da Manhã" revela o que se temia. O Centro Emissor de Onda Curta da RDP (CEOC), localizado perto da localidade de Canha, no concelho do Montijo, encontra-se praticamente ao abandono (ainda que tenha vigilância), sem ter qualquer utilização a não ser o de armazém de um espólio que merecia estar exposto num novo "Museu da Rádio" em vez de continuar a degradar-se sem honra nem glória.

Como se sabe, as instalações do CEOC em São Gabriel (um esclarecimento:"São Gabriel" não é nenhuma localidade ou um qualquer lugarejo perto das instalações da RTP; na verdade, trata-se simplesmente da designação do terreno onde se insere o CEOC) estão desactivadas desde 2011, na sequência do encerramento das emissões em Onda Curta da RDP Internacional. Aparentemente, há um hipotético interesse na alienação do complexo, integrado numa área de cerca de 90000 metros quadrados.

De referir, a a título de curiosidade, que a notícia já foi traduzida para a língua castelhana, através do sítio "El Radioescucha".

E é assim que o material histórico do serviço público de rádio e, por inerência, propriedade do Estado português, está a ser "estimado" ...

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Onda Curta da RDP Internacional: «é a economia, idiota!»

Permitam-me a famosa frase marcante da política americana, para sintetizar a real motivação para  a suspensão  temporária da RDP Internacional em Onda Curta.

No último programa da Provedora do Ouvinte da RTP (disponível em formato MP3), Paula Cordeiro respondeu às inúmeras pressões de ouvintes e entusiastas da Onda Curta, tendo assumido, de forma assertiva, inequívoca, clarividente e lacónica, o verdadeiro interesse no desmantelamento deste serviço deliberado pela então administração da empresa, diria eu, com o alto patrocínio do ministro que na altura tutelava a RTP,  Jorge Lacão: a alienação dos terrenos de São Gabriel (Centro Emissor de Onda Curta), no intuito de reduzir a dívida da empresa.

A verdade, qual azeite, acaba sempre por vir ao de cima. Caiu a máscara dos vitupérios lançados a respeito da Onda Curta: a tal coisa obsoleta, desactualizada, avariada, cara, que oferece péssima recepção, que tem uma qualidade de som terrível, entre outras ideias  desmontadas por uma legião de entusiastas da rádio, ouvintes, radioamadores e muitas outros defensores da soberania nacional na HF.

Vender os terrenos próximo da localidade de Canha para pagar a dívida? "Isso é uma enormidade" [sic], retorquia o então administrador Guilherme Costa. Pelos vistos, o então Provedor do Ouvinte, Mário Figueiredo, tinha razão. A importância da divulgação e afirmação da língua portuguesa no Mundo através das ondas de rádio seria totalmente esmagada pelo superior interesse imobiliário dos terrenos onde as antenas estão implantadas. Felizmente, depois de uma administração que quis vender o CEOC, depois de um ministro que quis vender tudo, parece que a nova equipa tenciona pelo menos ponderar a reactivação da Onda Curta. Creio que da fase do "não pode haver Onda Curta", está-se a caminhar para a fase do "talvez". Já não é mau haver esta ponderação. Oxalá que a história não se fique por intenções...

quinta-feira, dezembro 18, 2014

Um verdadeiro exemplo de serviço público: Rádio Exterior de Espanha reactiva as emissões em Onda Curta

É o que se pode afirmar como sendo um autêntico exemplo de serviço público: após ter desactivado todas as emissões em Onda Curta há cerca de 2 meses, a Rádio Nacional de Espanha atendeu aos pedidos dos pescadores espanhóis que ficaram sem alternativa de escuta da Rádio Exterior de Espanha, deliberando a reactivação do centro emissor de Noblejas. Não obstante a redução significativa dos horários de transmissão, a manutenção deste serviço revela a grande importância que a Onda Curta ainda tem, nomeadamente junto de ouvintes que, pelas circunstâncias em que exercem a sua actividade profissional, não estão em condições de escutar a rádio do seu país de forma regular.

De facto, em pleno alto mar não existe a possibilidade da escuta via Internet salvo o recurso a serviços de Internet por satélite, caros e com alguns inconvenientes, ou a escuta directamente por satélite; em qualquer dos casos, é exigida a instalação de uma antena parabólica que terá de ser ajustada cada vez que a embarcação muda de direcção; como se não bastasse, em zonas onde a REE só é escutada em banda C. os ouvintes têm de recorrer a antenas com vários metros de diâmetro...

Não obstante a pressão do sector pesqueiro, a reactivação da Onda Curta beneficiará certamente muitos outros ouvites espalhados pelo mundo que podem voltar a ouvir as vozes de Espanha, literalmente à distância de um botão no rádio. Uma excelente iniciativa que também deveria ser ponderada pela RTP...

terça-feira, outubro 07, 2014

Rádio Exterior de Espanha encerra as emissões em Onda Curta

Já se previa, mas ficou-se a saber a data: a Rádio Exterior de Espanha encerrará definitivamente as suas emissões em Onda Curta no próximo dia 15 de Outubro. A partir da 4ª feira da próxima semana, os ouvintes terão de recorrer ao satélite ou à Internet se quiserem escutar a REE em qualquer parte do mundo (excepto em território castelhano, onde também está disponível na televisão digital terrestre).

Muito triste. Mas verdadeira desolador é a repetição sem conta do mesmo filme:as emissores em amplitude modulada das emissoras públicas europeias estão rapidamente a passar à história, recorrendo aos mesmos argumentos para justificar decisões políticas. A Onda Longa "não tem" ouvintes, a Onda Curta é "cara" e "obsoleta" e a "moda" passa pela Internet. Mesmo que os pobres pescadores em pleno alto mar ou os ouvintes desfavorecidos economicamente, sem Internet em casa e que não colocam a possibilidade de colocar uma parabólica ao lado da janela, no intuito de ouvir rádio no televisor fiquem a ouvir o som da estática nos seus velhos companheiros receptores de rádio...

quinta-feira, janeiro 31, 2013

Suspensão temporária, perdão, definitiva da Onda Curta da RDP Internacional


Infelizmente, parece ser definitivo: o Ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, confirmou, no final do passado mês de Janeiro, o fim definitivo da Onda Curta da RDPi.

Sem querer repetir argumentos, não posso voltar a perguntar: onde estão os estudos relativos à audiência da RDP Internacional em Onda Curta, os tais que justificaram a sua suspensão "temporária"? Na verdade, até a ERC, muito ajuizadamente, em Julho de 2012 entendeu não ter elementos suficientes para analisar a cessação definitiva das emissões da RDP Internacional a partir dos emissores em S. Gabriel. Aparentemente, ninguém é capaz de dizer quantos ouvintes foram afectados pelo fim da HF/OC, quem são, onde vivem e se podem recorrer a uma antena parabólica para ouvir a RDPi ou se têm ligação à Internet. Ninguém que avalie de forma sensata a situação consegue justificar uma decisão governamental que assenta exclusivamente em pressupostos económicos, ignorando o legítimo interesse dos emigrantes portugueses. Paradoxalmente, o mesmo Estado que pretende afastar os seus cidadãos residentes fora do território nacional da actualidade portuguesa é o mesmíssimo Estado que se preocupa com as remessas desses mesmos portugueses.

A todos os ouvintes afectados pelo fim da Onda Curta, apresento, mais uma vez, a minha solidariedade.

quarta-feira, junho 13, 2012

Rádio Vaticano termina emissões em Onda Curta e Onda Média para a Europa e América

Nem a Santa Sé escapa às reduções e/ou supressões nas emissões em Onda Curta e Onda Média! A Rádio Vaticano prepara-se para suprimir as emissões dirigidas à Europa e ao continente americano, transmitidas desde o centro emissor de Santa Maria di Galeria, situado no território italiano mas pertencente ao Estado do Vaticano.

O principal argumento invocado pela emissora internacional católica para a redução das emissões em OC e OM passa pelo facto de diversas emissoras católicas europeias e americanas retransmitirem programas da Rádio Vaticano, mas também pelo facto dessas mesma emissões serem escutáveis através da Internet. É provável que a polémica relativa às radiações do emissor, que alegadamente afectam as populações locais tenha também contribuído para a decisão peremptória. A emissora pretende, para já, manter as emissões OC dirigidas aos continentes africano e asiático, regiões do mundo onde o acesso à estação através de outros meios ainda é difícil e inacessível às populações menos favorecidas.

De referir que, no que respeita à Onda Média, a RV emite actualmente a partir da cidade do Vaticano através dos 585 e 1260 kHz, ambos com 10 kW, mas também a partir de Santa Maria di Galeria nos 1530 kHz 150 kW e 1611 kHz 15~100 kW. A rádio que transmite a voz do Sumo Pontífice também dispõe de três frequências FM (93,3; 103,8 e 105,0 MHz), todas com 10 kW, servindo o mais pequeno Estado da Europa, mas também a região de Roma, mas também já aderiu à rádio digital, cobrindo a Itália em DAB/DAB+.

**Este texto não foi escrito ao abrigo do "Acordo" Ortográfico** 

quarta-feira, março 21, 2012

Emissores do CEOC vendidos?!

Uma notícia recente do jornal "Público" revela que os deputados do PS Inês de Medeiros, Paulo Pisco e Manuel Seabra enviaram um pedido formal de informações dirigido ao Ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, solicitando que este confirme as «informações que referem que está em fase de receber propostas para a venda do património do Centro Emissor de Onda Curta. » . Em bom português: a confirmar-se esta teoria, a administração da RTP, sob o alto patrocínio da tutela, prepara-se para liquidar o Centro Emissor de Onda Curta (CEOC), alienando o seu património ao desbarato.

Por outras palavras, os primorosos mandantes democraticamente eleitos pelo povo, os mesmos que sugerem aos portugueses insatisfeitos com a sua vida que emigrem, tomaram a atitude paradoxal de continuar a dificultar (ou até barrar) o acesso à estação de rádio internacional portuguesa por parte dos milhões de emigrantes portugueses espalhados pelo mundo e restantes lusófonos que reconhecem a importância da RDP Internacional. E como se tal não bastasse, ainda (alegadamente) têm o descaramento de prepararem a venda de equipamentos de milhões de euros, provavelmente sem terem em conta o interesse público e sem acautelarem os interesses do próprio Estado, oferecendo os emissores a preço de saldo. Como se na parca memória dos mesmíssimos políticos não coubesse a informação que a Onda Curta da RDPi precisa de emissores de radiodifusão preparados para as faixas de HF, por forma a assegurar as emissões aquando de uma eventual reactivação do serviço. Mais: para que conste, com ou sem emissores, as emissões em Onda Curta da rádio pública portuguesa  só poderão ser definitivamente suspensas após a alteração do contrato de concessão do serviço público de radiodifusão. Qualquer outro enquadramento que não a "suspensão temporária" será, assim, ilegal.

Corolário: Antes de suspender definitivamente o CEOC, o governo terá, obrigatoriamente, de alterar a cláusula 2.ª do contrato de concessão do serviço público de rádio:

« (...)
Cláusula 2ª
(Âmbito)
A concessão do Serviço Público de Radiodifusão Sonora abrange todas as emissões de
cobertura nacional, regional e local, nas frequências actualmente autorizadas, ou que o
venham a ser, nomeadamente as emissões em DAB e, ainda, as emissões em onda curta e
por satélite, aqui designadas, no seu conjunto, por RDP INTERNACIONAL, bem como as
emissões de redifusão (satélite/FM) que constituem a RDP ÁFRICA. (...)»

in rtp.pt (sublinhados meus)

Admitindo-se a veracidade da situação relatada, que legitimidade terá o governo para manter uma "suspensão temporária" quando não estarão reunidas as condições para uma eventual a reactivação das emissões? Não haverá coragem política para mudar o contrato de concessão da RTP-rádio antes de proceder a um eventual negócio de alienação de infra-estruturas públicas que servem a emissora internacional portuguesa?

Muito sinceramente, espero que, a confirmarem-se os rumores, um responsável político com pejo, em nome da transparência e da confiança depositada nele pelos seus eleitores, tome a coragem de confessar publicamente o negócio, revelando os pormenores das negociações, não esquecendo a alteração legal referida. Caso contrário, os cidadãos portugueses legitimamente indignados com a "suspensão temporária" da RDPi reservam-se o direito de retirar a confiança política e institucional aos iluminados que, (mais uma vez, não estando oficialmente confirmado, continuo a utilizar o advérbio "alegadamente") estudam   veladamente um negócio altamente ruinoso para o interesse público e que claramente prejudica a afirmação de Portugal no mundo!

Os mesmos cidadãos (onde me incluo), perguntar-se-ão: mas onde estão os estudos de viabilidade das emissões em OC da RDP Internacional? Que impacto teve a suspensão das emissões nas audiências da estação? Quantos ouvintes deixaram de poder ouvir a RDPi devido à incapacidade de utilizarem sistemas de recepção alternativos? Boas perguntas, certamente, às quais, infelizmente, também procuro uma resposta convincente do ministro Miguel Relvas e da administração da RTP...


**Este texto não foi escrito ao abrigo do "Acordo" Ortográfico**

domingo, outubro 30, 2011

Centro emissor de Sines da Deutsche Welle: o fim...

O ano de 2011 candidata-se seriamente a ser conhecido como o ano em que a Onda Curta morreu de vez em Portugal! Como se não bastasse a vergonhosa "suspensão temporária" das emissões da RDPi nesta faixa, o centro emissor de Sines da DW termina definitivamente a sua actividade a partir do momento em que entra em vigor o período B11 (de 30 Outubro de 2011 até ao final de Março de 2012).

Durante 40 anos, a Deutsche Welle foi retransmitida para a Europa através de Sines. Como contrapartida pela instalação de um centro emissor de Portugal, fixada pelo governo português, a DW transmitia também a RDPi para a Europa, inclusivamente durante a "suspensão temporária" das emissões em OC através do CEOC; também é de referir que, de forma a rentabilizar os emissores, a DW sempre alugou tempo de emissão a outras emissoras internacionais, como a BBC, a R. Netherlands, a NHK (Japão), entre outras. Outrora, até a Rádio Renascença alugou uma frequência para a Europa.

Com a queda dos regimes comunistas na Europa de Leste, o emissor de Sines arriscava-se a perder a sua importância, mas a DW decidiu rentabilizá-lo, equipando as instalações de Sines com novas antenas rotativas, que permitem(iam) emitir em qualquer azimute, atingindo qualquer ponto do globo terrestre. Esta remodelação do parque de antenas assegurou a viabilidade do emissor durante os últimos anos, que passou a transmitir a DW para a América e África.

No final dos ano 90, a DW começou a realizar as primeiras emissões em modo digital DRM (Digital Radio Mondiale), a partir de Sines.

Para os entusiastas da OC, vale a pena ouvir este programa do serviço em português da DW, que conta a história do emissor de Sines, com relatos na 1.ª pessoa de funcionários da ProFunk GmbH, a empresa que gere as infra-estruturas da Onda Alemã em Sines.

quarta-feira, junho 15, 2011

RDP Internacional: "suspensão temporária" (mas não total) da Onda Curta:

Que a RTP teve o descaramento de suspender temporariamente a Onda Curta da RDPi, é um facto infelizmente constatável com um receptor de rádio... Todavia, a rádio pública portuguesa omite (talvez uma forma deliberada de forçar os ouvintes a esquecer a OC) uma informação importante: a RDPi continua a emitir em Onda Curta para a Europa, através do centro emissor de Sines da ProFunk GmbH.

Assim, a RDPi continua a ser sintonizada de 2.ª a 6.ª feira, entre as 0645 e as 0800 UTC, nos 11 850 kHz (banda dos 25m). Aos sábados e domingos, a RDPi só poderá ser escutada com um receptor digital com DRM (Digital Radio Mondiale) entre as 0830-1000 UTC nos 11 995 kHz (25m). Estas emissões deverão continuar operacionais até ao final de Outubro, altura em que a própria manutenção do centro emissor de Sines é posta em causa.
Centro emissor de Onda Curta em Sines com os dias contados?

Mau demais para ser verdade: o ano de 2011 ainda vai a meio e já se arrisca a ficar registado na História da rádio em Portugal como o ano da morte da radiodifusão em Onda Curta no nosso país. Depois da "suspensão temporária" da RDPi em Onda Curta, é a vez da Deutsche Welle contar os dias de vida do centro emissor de Sines da ProFunk GmbH.

A DW prepara-se para realizar cortes nas emissões em Onda Curta, reduzindo drasticamente as horas de emissão e as línguas em que a emissora germânica opera. Entre as medidas anunciadas pela estação alemã, destaca-se a desactivação de vários centros emissores, nomeadamente os de Trincomalee (Sri Lanka) e Sines (Portugal) . A partir do dia 1 de Novembro de 2011, o centro emissor de Onda Curta em Sines deverá ser desactivado, deixando de emitir a DW e/ou outras estações que alugam tempo de emissão à rádio internacional da Alemanha. Infelizmente, entre outros efeitos colaterais da decisão, afigura-se provável o cenário de ver os técnicos portugueses ao serviço da DW engrossar a pesada lista de desempregados do nosso país...