sábado, outubro 31, 2020

Global Media, proprietária da TSF, vai avançar com o despedimento colectivo de 81 trabalhadores!

Mais uma má notícia para a comunicação social em Portugal. A Global Media, empresa que detém a rádio TSF, os jornais Diário de Notícias, Jornal de Notícias, entre outros, vai avançar com o despedimento colectivo de 81 trabalhadores, incluindo 17 jornalistas.

Numa altura em que a informação de qualidade se revela imprescindível, num quadro de pandemia mundial inédita em mais de 100 anos, é de lamentar a saída de tantos profissionais de jornais centenários e de uma rádio que marcou a informação em Portugal.


Iniciativa (Ultra)Liberal quer destruir serviço público de rádio e televisão!

Tenho evitado envolver o blogue "Mundo da Rádio" na discussão de assuntos da política, contudo há propostas e situações que justificam um comentário neste espaço.

Aproveitando o embalo do projecto de revisão constitucional que o partido Chega pretende apresentar, eis que a Iniciativa Liberal decide colocar na mesa de discussão alguns assuntos, incluindo o fim da obrigação de o Estado assegurar a existência e o funcionamento do serviço público de rádio e televisão. Ora, na minha óptica, só podem existir duas razões para que os liberais defendam o fim do serviço público: ou excesso de liberalismo, que vê toda a cultura, toda a língua portuguesa, toda a informação jornalística e toda a consideração pelos portugueses como um mero produto comercial que pode sair do mercado se não der lucro, ou ignorância grosseira do que é, o que deve ou não ser, o serviço público de rádio e televisão.

Em primeiro lugar, o serviço público de rádio e televisão (chamemos-lhe, para simplificar, SPRT), deve consubstanciar-se num conjunto de programas que representem a História, a cultura portuguesa e, sobretudo, a língua portuguesa. Deve também contribuir proactivamente para o prestígio da comunicação social, credibilizando a informação. Numa altura em que as notícias falsas propagam-se numa fracção de segundo através das redes sociais, a comunicação social, em especial a de serviço público, deve ajudar os ouvintes e os telespectadores no sentido de distinguir entre o que está, de facto, confirmado e o que foi escrito, quiçá com intenções políticas veladas, com o objectivo de desacreditar os meios de informação oficiais. 

Não menos importante que os pontos anteriores, o que está também em jogo é o prestígio de Portugal, a promoção da língua portuguesa no mundo e, num país de emigração, o respeito pelos portugueses e pelos lusodescendentes espalhados pelo mundo. O quarto ponto é a garantia da segurança nacional. Na eventualidade de uma emergência, o SPRT deve estar imediatamente disponível para acompanhar em directo toda a actualização da informação relevante para os portugueses afectados por uma catástrofe natural ou outra circunstância especialmente grave (terrorismo, intervenção militar por forças estrangeiras que invadam o território nacional etc). O SPRT deve, sempre que a situação o justifique, transmitir em directo as declarações do presidente da república, do primeiro-ministro ou de outro órgão de soberania. Recordo que nos incêndios de 2017, a Antena 1 foi a única rádio com cobertura nacional que esteve a madrugada toda a acompanhar em tempo real o evoluir da situação. Isto não é serviço público, senhores da Iniciativa Liberal?

Dito isto, note-se que até agora nunca utilizei a sigla "RTP". No limite, o serviço público não tem de ser prestado pela RTP; até podia ser pela empresa "ACME" ou "XPTO" ou "Rádio Pública Portuguesa" ou outro nome que queiram inventar. O que tem de haver é uma definição legal do que é o serviço público , da entidade ou entidades que exploram o serviço público e de como o Estado assegura que o serviço é efectivamente prestado. Até admito (apesar de pessoalmente não concordar com a ideia) que seja possível que parte do SPRT seja prestado por empresas privadas, o que a Constituição da República Portuguesa impõe - e a meu ver bem! - é que, em qualquer circunstância, tem de haver uma definição clara do que é serviço público de rádio e de televisão, das suas obrigações e de como o Estado garante que o serviço público funciona de facto.

Os mais que liberais saberão que os Países Baixos, um Estado visto como um bom exemplo de liberalismo, têm a Nederlandse Publieke Omroep (NPO)? E que um país tão capitalista quanto os Estados Unidos tem a National Public Radio? Não conheço nenhum país de primeiro mundo que não tenha um serviço público de rádio e de televisão. Seja totalmente público, seja através de uma fundação, seja através de outro modelo. Nem mesmo um governo conservador-liberal como o de Margaret Thatcher ousou terminar com o serviço público da BBC. A não ser que a IL se inspire no liberalismo tão democrático do regime de Augusto Pinochet no Chile, um grande exemplo de liberdade (estou, naturalmente, a ser irónico)...

No meio de uma pandemia, a exigência do funcionamento de meios de comunicação social credíveis, sejam de empresas públicas ou privadas, é, mais do que nunca, inegável. Se as pessoas se informassem apenas através das redes sociais, a esta hora teríamos milhões de cidadãos a recusarem-se a usar máscara, hospitais em verdadeiro estado de guerra, com milhares de doentes Covid e não Covid a morrerem por falta de assistência, tudo porque as pessoas acreditavam em tudo o que liam na Internet e não havia meios de comunicação social a entrevistar epidemiologistas e outros médicos que lidam diariamente com situações complicadas, transmitindo para todo o país informação confirmada por especialistas com conhecimento de causa. Por muitos defeitos que tenham os jornalistas, estes continuam a manter o profissionalismo que não se coaduna com charlatões que não se importam que morram milhares de pessoas com Covid-19 porque querem à viva força descredibilizar a comunidade científica e o conhecimento adquirido em vários séculos de epidemias!

segunda-feira, outubro 19, 2020

Faleceu José Paulo Alcobia

A rádio pública está a noticiar a morte de José Paulo Alcobia, um profissional que passou pela Rádio Comercial, Rádio Energia, Antena 3, Antena 1 e que, nos últimos tempos, fazia parte da equipa da RDP Internacional. Crítico e comentador de cinema, José Alcobia trabalhou em programas como o "Cinemax" ou o "Costa a Costa".

Que descanse em paz. À família, amigos e colegas do radialista, apresento as minhas condolências. Hoje a rádio pública ficou um pouco mais pobre.

segunda-feira, outubro 12, 2020

Renascença Canal 1. É um espectáculo... lamentável

Socorri-me de um slogan antigo da emissora católica portuguesa para descrever a situação ocorrida ontem, numa tarde de domingo onde, além das celebrações religiosas, havia um jogo de futebol ao início da noite.

Entre as 18h30 e as 19h00, a Rádio Renascença tocava música após música. No mesmíssimo horário, as frequências ainda existentes da Rádio Sim (Portel, Palmela e Maia) emitiam o Terço. Em suma, os poucos ouvintes católicos do que resta da Rádio Sim puderam acompanhar a celebração religiosa. Já os católicos que sintonizam através da rede nacional de emissores da Rádio Renascença, tiveram de se contentar com música. Atrever-me-ia a perguntar, em tom de ironia, se os ouvintes da RR serão filhos de um deus inferior para não merecerem acompanhar a oração à Nossa Senhora através da rádio - por maioria de razão numa altura em que as celebrações religiosas são realizadas em espaços com lotação fortemente limitada mercê da pandemia, obrigando muitos fiéis a acompanhá-las à distância (onde a estação da Quinta do Bom Pastor devia servir de exemplo) -  num período de tempo em que o futebol não havia começado ainda. Afinal, a Renascença é mais uma emissora comercial portuguesa ou é a emissora católica portuguesa, como se auto-intitula? No mínimo dos mínimos, esperava-se que a programação religiosa das tardes de domingo fosse emitida no que resta da rede de Onda Média e nas antigas frequências da Rádio Sim em Braga, Leiria e Elvas. Assumo que não sou praticante religioso, mas respeito quem acredita em Deus e gostaria de acompanhar as cerimónias através da mais antiga rádio católica em Portugal.

sexta-feira, outubro 09, 2020

Rádio Ondas do Lima (95,0 MHz Ponte de Lima) deslocaliza o emissor para a Serra d' Arga

A Rádio Ondas do Lima (95,0 MHz), estação local do concelho de Ponte de Lima (distrito de Viana do Castelo) deslocalizou o centro emissor para o alto da Senhora do Minho, na Serra d' Arga, a 800m de altitude.

Esta mudança permite à estação reforçar o sinal não somente no Alto Minho como também em várias zonas do Grande Porto. É sempre bom ver que há rádios locais que se preocupam em fazer-se ouvir melhor e mais longe na região onde se inserem.