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terça-feira, julho 21, 2020

Rádio Observador sintonizada nos 98,4 MHz... na Finlândia!

Não tenho o hábito de falar de DX (captação de sinais de rádio a grandes distâncias) no blogue principal do "Mundo da Rádio", mas a situação relatada hoje pela Rádio Observador justifica o esclarecimento dos profissionais da estação, dos ouvintes, e de quem se interessa pela captação de emissões de rádio FM a distâncias (entre as antenas emissoras e os receptores dos ouvintes) invulgarmente elevadas.

Contando a história de forma lacónica, Jim Solatie, um DXista, entusiasta da captação de emissões de rádio a centenas e milhares de quilómetros da antena emissora, conseguiu sintonizar, na Finlândia e a cerca de 140 km da capital do país, Helsínquia, o sinal FM da Rádio Observador nos 98,4 MHz, que é emitido das antenas localizadas no Monte de Santa Eufémia, no limite geográfico dos concelhos de Vila do Conde e da Trofa. Contas feitas, uma distância na ordem dos 3000 a 3200 km.

Esta captação extraordinária, registada no passado dia 12 de Julho, foi o assunto do programa "E=mc^2" do dia de hoje, que pode ser ouvido em podcast. Para comentar esta situação insólita, a Rádio Observador convidou o professor Nuno Borges de Carvalho, da Universidade de Aveiro. Não obstante, e salvo o devido respeito pelo senhor professor, considero que a explicação terá sido um pouco confusa, mormente para um leigo, pelo que tomei a iniciativa de tentar ajudar a compreender melhor o fenómeno.

Antes de mais, permitam-me que recomende um artigo da minha autoria onde, modéstia à parte, tento descrever, da forma mais simples que consegui encontrar, as várias formas de propagação de sinais de rádio FM a distâncias elevadas. Tenho feito um esforço para descomplicar, na medida do possível,esta matéria, quando praticamente toda a bibliografia existente encontra-se em inglês e noutras línguas que não o português.

Regra geral, a propagação das ondas de rádio no FM é feita em linha de vista, podendo atingir, no máximo e em condições muito favoráveis, uma distância de cerca de 160 km. Contudo, por vezes surgem condições atmosféricas que possibilitam a recepção de sinais a centenas ou até milhares de quilómetros do emissor.

O fenómeno de propagação mais comum é o da condução troposférica, que ocorre quando há uma inversão térmica que faz com que as ondas fiquem "presas" num "canal" por onde circulam por centenas ou até milhares de quilómetros. Os sinais costumam permanecer de forma relativamente estável durante longos minutos ou até horas e este tipo de propagação é mais comum e tem maior intensidade no Verão, nomeadamente durante a noite. No Sul do continente, na margem Sul do Tejo, no Alentejo e no Algarve, não é raro ouvir-se no Verão estações de rádio marroquinas, madeirenses e até, por vezes, das ilhas Canárias, a cerca de 1300 km da nossa costa! Também é comum ouvir, em certas zonas do Sul e Centro, rádios do Norte do país.

Outro fenómeno, que geralmente ocorre no início do Verão, (sobretudo entre finais de Maio e meados de Julho), é a propagação ionosférica via esporádica "E". Afectando sobretudo as frequências mais baixas da banda FM (87,5~108 MHz), mas podendo subir inclusivamente acima dos 108 MHz, permite a recepção de rádios localizadas a milhares de quilómetros de Portugal. A título pessoal, já captei emissões de países como o Reino Unido, a Itália, a Croácia, a Tunísia, entre outros. Aliás, tenho inúmeros vídeos de captações no meu canal do YouTube.

De referir que existem outros tipos de propagação, que por razões de espaço não abordarei nesta publicação, sugerindo ao leitor que consulte o artigo supramencionado.

Considerando o que se sabe e o que foi dito, parece-me que a captação resulta da condução troposférica invulgarmente favorável, que criou uma "estrada" na atmosfera por onde as ondas da Rádio Observador viajaram até à Finlândia - o que não deixa de ser um feito digno de registo. Não sei falar finlandês, mas vou dizer: Congratulations, Jim Solatie! Nice catch! Como se diz na gíria, bons 73 a todos os que gostam de realizar captações de sinais de rádio a distâncias consideráveis!

domingo, maio 13, 2018

Festival Eurovisão da Canção

Não podia escrever este texto sem começar por congratular os profissionais da RTP que, com o apoio da EBU e de outras entidades, foram, por estes dias, incansáveis a trabalhar para que nada faltasse, do ponto de vista técnico, à realização do Festival Eurovisão da Canção 2018. Sem o empenho dos profissionais da televisão (mas também da rádio), jamais seria possível organizar em Portugal, de forma irrepreensível, um  evento desta envergadura.

Não obstante a evidência de que o Festival da Eurovisão é um evento sobretudo televisivo, a rádio também esteve presente na cobertura em tempo real do que se passava na Altice Arena. Se a Antena 1 marcou presença, há que destacar também outras rádios europeias  que transmitiram a final para os respectivos países. A começar pela emissora pública britânica "BBC Radio 2", que por sinal teve um comentador à altura do evento; numa rápida incursão pelo universo das rádios  online, constatei que o Festival estava também a ser transmitido na Noruega (NRK P1), Itália (RAI Radio 2), Islândia (RÚV Rás 2), Ucrânia (UR 2 Promin), Albânia (Radio Tirana 2), Finlândia (YLE Etela-Savon Radio), Estónia (ERR Raadio 2) e Moldávia (Radio Moldova), pelo menos.

Por outras palavras, aos 200 milhões de espectadores (400 milhões de olhos (!) ) que viram o espectáculo através da televisão, há que somar os ouvintes de pelo menos 10 rádios! Estamos certos que, antes da Eurovisão, nenhum outro evento havia sido feito em Portugal com uma cobertura radiofónica simultânea tão vasta, do ponto de vista geográfico - nem mesmo o Euro 2004 (acredito que também houve outras rádios europeias e, quem sabe, australianas, a retransmitir o sinal da Eurovisão).

Portugal está  de parabéns pelo êxito na organização exemplar do Festival. E, neste aspecto, a RTP merece os mais sonoros aplausos. Porque o serviço público de rádio e televisão também passa pela capacidade de mostrar um Portugal moderno e competente para realizar um espectáculo internacional desta dimensão.