A RTP "viu", há uns meses (em Dezembro de 2017), a torre da rádio pública na Serra do Monsanto, em Lisboa, não resistir ao mau tempo, tendo esta sofrido danos consideráveis.
Perante tal imprevisto, as emissões FM dos canais do serviço público de rádio (Antena 1- 95,7 MHz, Antena 2 - 94,4 MHz, Antena 3 - 100,3 MHz e RDP África - 101,5 MHz) estão, para já, a ser asseguradas provisoriamente a partir da torre da Rádio Renascença, ainda que os emissores das quatro frequências estejam a operar com potência reduzida (apenas 2 kW).
Tratando-se "apenas" do emissor mais importante da Grande Lisboa e da região Sul (margem Sul do Tejo, além de toda a região da Estremadura,e, inclusivamente, algumas zonas do Ribatejo), esta situação resulta numa grave perda da integridade da rede de emissores da RTP-rádio, tanto mais que boa parte dos concelhos com maior população em Portugal vê-se agora com dificuldade para sintonizar de forma adequada as rádios públicas.
O
último programa "Em Nome do Ouvinte", do dia 2 de Março, revela-se deveras esclarecedor: segundo o departamento de engenharia da rádio pública, a instalação de uma torre nova, incluindo elementos radiantes novos, custa 150000€ (0.08 % da contribuição audiovisual). Na conversa com o Provedor do Ouvinte, a Engenheira Ana Cristina Falâncio revela que a direcção técnica da emissora espera por uma resposta da administração da RTP, no sentido de libertar tal verba. Entretanto, a torre da Marinha portuguesa, utilizada pela Rádio Renascença, "carrega" 4 elementos radiantes apontados a Norte (para evitar interacções com os sinais das emissões do grupo RR), prejudicando a cobertura a Sul.
Tendo em conta a prática na RTP, que continua com a política de obrigar os técnicos a fazer os possíveis e os impossíveis para irem resolvendo os problemas com os escassos recursos que dispõem, a máquina bur(r)ocrática da gestão financeira do serviço público impede que, um problema grave que prejudica consideravelmente a recepção das rádios públicas através dos receptores dos ouvintes, seja resolvido de forma tão célere quanto possível. Afinal, falamos da maior concentração populacional do país que se vê parcialmente
amputada do serviço público de rádio, não há uma semana, não há um mês, mas há 3 meses!
Face a este cenário - e enquanto a situação não for devidamente resolvida - resta aconselhar os ouvintes localizados na área de influência dos emissores no Monsanto que perderam qualidade de sinal, o recurso a frequências alternativas, quando disponíveis. Neste sentido, os ouvintes situados na zona ribeirinha da cidade de Lisboa, na zona Oeste da Capital, no concelho de Almada e nalgumas zonas dos concelhos de Oeiras e Cascais, poderão sintonizar a Antena 1, a Antena 2 e a Antena 3 através do emissor da Banática, nas frequências 99,4; 88,9 e 100,0 MHz, respectivamente. Por outro lado, os ouvintes em Sintra podem optar pelo emissor de Janas. Quanto à cidade de Lisboa e parte significativa da região a Norte de Lisboa, uma boa alternativa de escuta será a sintonia das frequências do Montejunto (Antena 1 - 98,3 MHz, Antena 2 - 88,7 e Antena 3 - 105,2 MHz). A Sul de Lisboa, é possível, em várias zonas, sintonizar em boas condições os emissores de Grândola (Antena 1 - 99,2 MHz, Antena 2 - 90,6 MHz e Antena 3 - 103,6 MHz). Em certas zonas, é possível sintonizar outros emissores em condições aceitáveis (Fóia [Serra de Monchique], Lousã etc.), pelo que, à falta de melhor solução, constituem alternativas a considerar. De recordar que uma possibilidade de escuta da Antena 1 em grande parte da Estremadura, Ribatejo e litoral alentejano é a sintonia em Onda Média (666 kHz Castanheira do Ribatejo). Esperemos (nós, contribuintes que pagamos, através da factura de electricidade, a contribuição audiovisual ) que a nova administração da RTP tenha o decoro de desbloquear rapidamente esta lamentável situação. Estamos a falar claramente de uma emergência técnica de, repito, 150000€, uma ninharia em comparação com outros custos na empresa.