quinta-feira, janeiro 31, 2013

Suspensão temporária, perdão, definitiva da Onda Curta da RDP Internacional


Infelizmente, parece ser definitivo: o Ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, confirmou, no final do passado mês de Janeiro, o fim definitivo da Onda Curta da RDPi.

Sem querer repetir argumentos, não posso voltar a perguntar: onde estão os estudos relativos à audiência da RDP Internacional em Onda Curta, os tais que justificaram a sua suspensão "temporária"? Na verdade, até a ERC, muito ajuizadamente, em Julho de 2012 entendeu não ter elementos suficientes para analisar a cessação definitiva das emissões da RDP Internacional a partir dos emissores em S. Gabriel. Aparentemente, ninguém é capaz de dizer quantos ouvintes foram afectados pelo fim da HF/OC, quem são, onde vivem e se podem recorrer a uma antena parabólica para ouvir a RDPi ou se têm ligação à Internet. Ninguém que avalie de forma sensata a situação consegue justificar uma decisão governamental que assenta exclusivamente em pressupostos económicos, ignorando o legítimo interesse dos emigrantes portugueses. Paradoxalmente, o mesmo Estado que pretende afastar os seus cidadãos residentes fora do território nacional da actualidade portuguesa é o mesmíssimo Estado que se preocupa com as remessas desses mesmos portugueses.

A todos os ouvintes afectados pelo fim da Onda Curta, apresento, mais uma vez, a minha solidariedade.

quinta-feira, janeiro 24, 2013

RTP: Relvas daninhas entaladas entre Portas hostis

Se as decisões políticas fossem jogos de futebol, poder-se-ia dizer que o jogador Paulo Portas, do CDS-PP, conseguiu pressionar de tal forma a equipa adversária do PPD-PSD, qual Cristiano Ronaldo do governo, fragilizando o guarda-redes Miguel Relvas ao ponto da bola rematada entrar tranquilamente na baliza laranja, sem que esta último tivesse a capacidade de reagir ao ataque da equipa azul e amarela. Até à próxima partida, o jogador Miguel Relvas vê as suas intenções cilindradas por uma equipa que sabe ser rival mas também solidária quando necessário.

Tudo isto para resumir o golpe duro sofrido pelo ministro Miguel Relvas no momento em que o CDS-PP inviabilizou, para já, qualquer tentativa de privatização ou concessão da RTP. Depois de diversos cenários apresentados e de muita discussão dentro do governo, o Ministro dos Assuntos Parlamentares foi obrigado a recorrer à sua especialidade em Ciência Política e Relações Internacionais à bolonhesa para "salvar" o "casamento" entre os dois partidos.

Por mais que tente negar o contrário, a postura firme e hirta do dançarino de folclore nabantino desvanece-se a cada dia que passa: se a RTP era um dos últimos redutos da legitimidade política de Miguel Relvas, as paredes do baluarte vão-se desmoronando à medida que as forças leais ao Ministro dos Negócios Estrangeiros cercam os interesses particulares de quem pretendia vender ao desbarato e a qualquer preço o serviço público de rádio e televisão. Parece evidente que a relação entre Relvas e o CDS nunca mais vai ser a mesma; para ajudar à festa, o Presidente da República, numa entrevista recente aquando da comemoração dos 40 anos do "Expresso", não se coibiu de recordar a exigência constitucional da existência e manutenção de um serviço público de rádio e televisão garantidas pelo  Estado. Conclui-se, portanto, que o "Dr." Relvas não vai ter a vida facilitada para realizar negócios obscuros.

Independentemente do mérito (ou da falta dele) na última proposta de privatização de 49% do capital da RTP, creio também ser manifesto o risco considerável da mesma levantar sérias dúvidas constitucionais, razão de peso para obrigar os sectores mais liberais do PSD a voltarem à estaca zero. Diga-se o que se disser, a privatização da RTP, a existir, nunca mais vai ser a mesma.


**Este texto não foi escrito ao abrigo do "Acordo" Ortográfico**

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Mau tempo tira rádios do ar:

O mau tempo que se tem feito sentido está a afectar negativamente muitos emissores de radiodifusão um pouco por todo o país. Aos fortes ventos e às grandes chuvadas aliados a quedas de neve nas regiões montanhosas, junta-se, por um lado, as falhas no fornecimento de energia eléctrica e por outro trovoadas em algumas regiões.

Esta combinação explosiva de factores colocou muitos emissores de rádio inoperacionais. As rádios com maior sorte sofreram cortes breves da emissão motivados por falhas de electricidade ou problemas na recepção do sinal áudio no local do emissor. Contudo, no outro extremo, houve rádios cujas torres emissoras não resistiram ao mau tempo. É o caso da Hiper FM (104,6 MHz), Rádio Sim - Rio Maior (92,6 + 99,5 MHz) [ambas do concelho de Rio Maior] e da Rádio Dom Fuas (100,1 + 98,5 MHz Porto de Mós); desconheço se existem outras situações semelhantes.

Esperemos que a generalidade das rádios consiga, inobstante as dificuldades económicas, solucionar todos os problemas técnicos que as silenciaram...

Actualização (23/01/2013): Segundo a própria estação, a torre da Rádio Comercial em Sto. António da Neve (Serra da Lousã) caiu. Consequentemente, o sinal dos 90,8 MHz estará (informação não confirmada) a ser irradiado através de meios técnicos alternativos de menor potência de emissão. Corolário da situação anterior, a qualidade de recepção da Comercial em grande parte da região Centro e em vários pontos do Norte do país agravou-se substancialmente.

Actualização (20801/2013): A torre da Antena 1 em Miramar (V. N. Gaia), que emite em Onda Média (720 kHz) também caiu, de acordo com o relato do utilizador "TMG" no grupo Yahoo! "Mundo da Rádio". Como o emissor de Valença está inactivo deste Agosto de 2011 mercê de uma avaria irreparável, a cobertura em Onda Média no litoral norte é agora muito fraca.


**Este texto não foi escrito ao abrigo do "Acordo" Ortográfico**

quarta-feira, janeiro 09, 2013

"Guerra" no Minho deixa a RUM sem emissão

O ano novo de 2013 fica logo marcado por uma situação que extravasa a fronteira entre o atónito e o caricato: a Rádio Universitária do Minho (RUM), que emite nos 97,5 MHz Braga, viu o seu emissor desligado pela Antena Minho (106,0 MHz, também da cidade dos arcebispos).

Sendo certo que as duas estações partilham a mesma torre de emissão com a Rádio Comercial, em Santa Marta das Cortiças, as divergências entre as emissoras bracarenses residem não apenas na propriedade da torre (disputada judicialmente), mas também no pagamento da factura de electricidade.

Fazendo fé na comunicação social e num recente comunicado da RUMinho, fica-se a conhecer a evidente aplicação da justiça pelas próprias mãos por parte da  Antena Minho, que, considerando as alegadas dívidas da RUM para com a primeira respeitantes ao consumo eléctrico do equipamento de emissão, achou por bem desligar pura e simplesmente o emissor da estação universitária bracaraugustana. A rádio da Associação Académica da Universidade do Minho conseguiu reactivar o emissor por escassas horas, altura em que os responsáveis da estação concorrente voltaram a desligar a alimentação eléctrica. Pouco tempo depois, os técnicos da RUM insistiram, socorrendo-se da colaboração da GNR. Apesar das reuniões entre as direcções das duas estações, não foi possível alcançar um entendimento, pelo que a equipa técnica da Antena Minho regressou ao emissor de Santa Marta das Cortiças no intuito de desligar novamente o interruptor do quadro eléctrico da Rádio Universitária do Minho, situação que, ao que parece, persiste.

Face ao clima de guerra entre as rádios bracarenses, das quais nenhuma fica bem na fotografia, a direcção da RUM ameaça recorrer a todas as entidades relacionadas com a actividade da radiodifusão no sentido de pôr cobro à atitude ilegal e censurável da Antena Minho. Independentemente das contas de Matemática, o impedimento do prosseguimento da emissão da estação concorrente merece a condenação da Antena Minho. Se há dívidas, que estas sejam resolvidas com bom-senso e juízo, através de negociações entre as equipas de direcção das duas rádios.

Uma nota em relação às notícias publicadas na imprensa: se, alegadamente, a RUM poderia ter de pagar 1/3 da factura (apesar da estação concorrente apenas exigir 20%), tal não seria eventualmente, do ponto de vista estritamente técnico, justo. A não ser que a Rádio Comercial utilize infra-estruturas independentes, o custo energético para cada rádio deveria reflectir o peso de cada uma no consumo total. Sabendo-se que a Antena Minho tem 2 kW P.A.R. licenciada, a RUM 1 kW e a Rádio Comercial (por ser uma estação nacional) 10 kW de P.A.R. autorizada, a emissora da MCR gasta, em teoria, muito mais energia que as rádios bracarenses (note-se que a potência eléctrica consumida é directamente proporcional à energia), pelo que, - como efectivamente o que será pago é precisamente a energia gasta pelo equipamento de emissão -, a contribuição da Rádio Comercial deveria ser substancialmente superior ao das restantes. Seguindo esta linha de raciocínio, baseada apenas numa óptica científica, caberia à RUM regularizar uma pequena parcela da conta; a Antena Minho teria de financiar uma segunda parcela maior que a primeira e a Rádio Comercial seria responsável pela maior fatia. Independentemente destas considerações, esperemos que toda esta embrulhada seja normalizada tão depressa quanto possível...