segunda-feira, novembro 16, 2015

Je suis Paris

 
 
A magia da rádio revela-se nos bons e nos maus momentos da História contemporânea.
 
Enquanto o mundo ficava a conhecer as primeiras notícias de um ataque armado em Paris, comecei, na noite do dia 13 de Novembro,  a explorar a faixa de Onda Média, aproveitando os últimos dias da presença gaulesa nesta banda. A programação habitual da France Info, France Bleu e France Inter (esta última na Onda Longa, até 2016), foi substituída por emissões especiais de emergência, informando em tempo real as populações francesas a respeito dos últimos desenvolvimentos no maior atentado terrorista de sempre no país e seguramente um dos maiores, se não o maior, da Europa.
 
De modo semelhante, a estação privada Europe 1, que também opera na Onda Longa, realizou uma emissão especial, acompanhando a actualidade.
 
Há que reconhecer: os jornalistas foram incansáveis na prestação de informações essenciais para os ouvintes, prestando um verdadeiro serviço público numa hora muito difícil para a França. Com efeito, a rádio esteve presente num cenário de terror inimaginável, pelo que era fundamental tentar acalmar a população; o profissionalismo de quem se senta perto do microfone falou bem mais alto que as metralhadoras de execráveis fanáticos homens que se escudam na religião para destruir gratuitamente o dom da vida. Mesmo por cá, em Portugal, a comunicação social,  nomeadamente a rádio, têm estado bem no acompanhamento da tragédia humana que se abateu na cidade-luz.

Pouco mais haverá a dizer que não se resuma à convicção de que o terrorismo não é solução para nenhum problema do mundo e só justifica a acérrima condenação da violência em nome de Deus. Aos defensores da aniquilação da vida humana em nome de uma entidade divina que decerto jamais consentiria com tal barbárie, limito-me a responder em três palavras: liberté, egalité e fraternité. Que a rádio jamais se cale perante tamanhas atrocidades que ameaçam o mundo tal como o conhecemos.