sábado, março 24, 2018

RTP: rádio pública a cair aos bocados (quase literalmente)

Que a rádio pública enfrenta os constrangimentos decorrentes da falta de investimento ao longo de anos, já sabíamos. Todavia, o programa "Em nome do ouvinte", do passado dia 16 de Março, mas sobretudo o comunicado recente da Comissão dos Trabalhadores da RTP, colocam a nu a verdadeira dimensão do problema, depois de uma reunião com o Conselho de  Administração, o Director de Engenharia, Sistemas e Tecnologia, Eng. Carlos Gomes e o Diretor de Produção, Eng. Carlos Barrocas.

Ficou-se a saber que o principal estúdio da Antena 1,  o Estúdio 5/6, esteve inoperacional durante mais de uma semana, devido a avaria na mesa de emissão. obrigando a rádio pública a utilizar outro estúdio e, como sempre, a improvisar para assegurar as emissões.

A Comissão de Trabalhadores refere também,  como seria da esperar, o colapso da torre na Serra de Monsanto, em Lisboa. O Conselho de Administração da RTP respondeu que, dos 150000€ necessários à reposição de uma torre e antenas novas em Monsanto,  foram já adjudicados 50 mil euros para comprar novas antenas, esperando-se que a conclusão do processo ocorra no próximo mês de Junho.

Ainda a respeito da rede nacional de emissores da Antena 1, Antena 2 e Antena 3, o Engº Carlos Gomes  afirmou que, neste momento, existe apenas um centro emissor a precisar de uma antena, que é o emissor da Foia (Serra de Monchique). O equipamento já terá sido adquirido, todavia ainda não foi instalado mercê das condições atmosféricas.

Uma avaria aqui, uma avaria ali, um estúdio sem mesa, porventura uma mesa sem estúdio, um emissor sem torre, porventura uma torre sem antena, um mobiliário a cair de podre, equipamento avariado que não é alvo de reparação por receio de estragar mais do que está... e assim vai a rádio do Estado, paga através da Contribuição Audiovisual. Um dia falta o queijo, outro dia não há azeite, no outro dia, nem azeite nem ovos, no outro dia não há prato para bater os ovos, no outro dia o fiambre está já com bolor e escasseia o leite para juntar aos ovos a serem batidos, no dia seguinte, nem há garfo para bater os ovos... e os profissionais da rádio são obrigados a "cozinhar" uma "omelete" com a vergonhosa falta de "ingredientes" e "utensílios de cozinha" que têm de enfrentar.  Porque a grande "fatia" do "bolo" fica-se pela televisão, obrigando a rádio  a aproveitar as miseráveis "migalhas" para cozinhar a "omelete". Até quando?

segunda-feira, março 19, 2018

"Mundo da Rádio" agora também no Twitter

Uma breve nota para informar os caros visitantes do blogue que o "Mundo da Rádio" já está (novamente) na rede social "Twitter". Dado que a conta anterior foi suspensa, tive de criar uma conta nova no endereço: https://twitter.com/mundo_da_radio .

Naturalmente que este serviço permite não só visualizar as mensagens por mim publicadas, mas também aos seguidores colocarem questões que possam ser respondidas de uma forma muito sucinta, ou tecerem comentários úteis, bastando mencionar a conta (@mundo_da_radio).

sexta-feira, março 16, 2018

RTP- rádio: emissores da Foia (Serra de Monchique) com graves problemas técnicos!

Não costumo utilizar o blogue para relatar avarias técnicas, todavia a situação na RTP merece mais um artigo.

Se o departamento técnico da rádio pública, quiçá o parente pobre de toda a empresa, faz os possíveis e os impossíveis (dentro do apertadíssimo orçamento) para manter os emissores da Antena 1, Antena 2 e Antena 3, em Portugal continental,  Madeira e Açores, a funcionar, a verdade é que, aparentemente, as condições técnicas de emissão se vão degradando dia após dia. Não bastava a queda da torre no alto do Monsanto, em Lisboa, agora tinha de vir outro importante emissor a sofrer uma avaria grave. Com efeito, desde há uns dias que as emissões da Antena 1 (88,9 MHz), Antena 2 (91,5 MHz) e Antena 3 (101,9 MHz) na Foia (cume da Serra de Monchique), se encontram a operar com  potência reduzida. Ao que se sabe (informação da RTP dada a alguns ouvintes), os emissores estarão a funcionar com um sistema radiante provisório.

Como não chegava vermos a Grande Lisboa ter direito a ouvir as rádios públicas em condições sofríveis, chega a vez do Algarve, Baixo Alentejo e litoral alentejano provarem do mesmo triste "veneno".

Caro Dr. Gonçalo Reis, vou fazer-lhe uma proposta: que tal aprovar financeiramente um plano de reestruturação, renovação e manutenção do parque de emissores FM da rádio pública, do Monte de São Bartolomeu (Bragança) até à Serra de Monchique, de Valença a São  Miguel (Faro), passando pelas ilhas açorianas e pelas ilhas da Madeira e do Porto Santo? Quiçá fosse uma boa ideia... Os ouvintes agradecem!

sexta-feira, março 09, 2018

Os "homens invisíveis" da rádio pública

Ainda na sequência da queda da torre no alto do Monsanto, em Lisboa, o Provedor do Ouvinte da RTP dedicou o último programa "Em Nome do Ouvinte", que foi hoje para o ar, aos - e cito - "homens invisíveis" que sobem às torres da RTP para assegurar as emissões da rádio pública.

Não tendo o protagonismo dos locutores e dos jornalistas, nem sendo, regra geral, mencionados nos programas de rádio, os técnicos são incansáveis na resolução dos problemas que afectam os emissores FM e de Onda Média da Antena 1, Antena 2, Antena 3 e RDP África em Portugal, mas também, ocasionalmente, nos PALOPS (nas zonas onde há cobertura FM da RDP África) e até em Timor-Leste (Antena 1 e RDP Internacional). Faça chuva ou faça sol, caia neve ou esteja um magnífico dia de Primavera, são estes homens corajosos quem, escalando de torre em torre, armados com ferramentas e equipamentos de segurança, permite aos ouvintes acompanharem a actualidade radiofónica. Pelo notável trabalho que fazem, certamente que mereceram a homenagem do Provedor do Ouvinte. E, a título pessoal, não posso deixar de agradecer a todos os técnicos, não só na RTP como também nos operadores privados, o verdadeiro serviço público que prestam às populações que escutam rádio.

terça-feira, março 06, 2018

RTP (Rádio e Televisão de Portugal)... ou TP (Televisão de Portugal)?

Como diz o povo, há que chamar os bois pelos nomes.

A rádio pública, a tal que, ao contrário dos operadores privados, é exclusivamente financiada pelo Estado e pela contribuição audiovisual (que, em 2018, se estima chegar aos 186.2 milhões de euros) não se ouve adequadamente na capital do país, em Lisboa, por causa de um problema técnico (destruição da torre na Serra do Monsanto) que pode ser mitigado por uns meros 150000 € (0,08%, disse bem: zero vírgula zero oito por cento da CAV)... e, volvidos 3 meses, os técnicos, que fazem o que podem com os parcos recursos disponíveis, continuam à espera que a administração da empresa desbloqueie a verba.
A mesmíssima RTP que "matou" a Onda Curta da RDP Internacional, que vai "matando" a Onda Média, que desligou os emissores DAB, que aliena o centro emissor de Miramar (Vila Nova de Gaia) e que pretende vender o CEOC- S. Gabriel (Canha - concelho do Montijo)... nem sequer se digna a garantir o funcionamento da rede de emissores FM das estações de serviço público!
Não há dinheiro disponível? É preciso tanta burocracia para o departamento de engenharia conseguir os fundos de que precisa para cumprir a sua função? Para se pagar os direitos de transmissão do futebol na televisão pública é preciso tanta burocracia? Para se pagar 7500€ por mês ao José Carlos Malato (ainda que a RTP- televisão seja também financiada por publicidade comercial), será necessário esperar tanto tempo pela luz verde da administração da casa? Para se pagar 15000€ por mês ao Fernando Mendes e à Catarina Furtado, haverá que colocar tantos constrangimentos? Para se pagar certas mordomias, os gestores financeiros levam também meses a decidir? 
Mas afinal, e voltando ao princípio do texto, a empresa chama-se "Rádio e Televisão de Portugal" ou chama-se simplesmente "Televisão de Portugal"? A rádio pública é o parente pobre da televisão? A rádio funciona sem a intervenção dos técnicos que asseguram o bom funcionamento dos emissores? Ou vai-se reduzindo de forma ridícula as condições técnicas da RTP-rádio ao ponto de se achar que nem sequer vale a pena investir a sério no FM? Depois da Onda Curta, da Onda Média, desinveste-se no FM... e a seguir vem o quê? Desinvestir no satélite e na Internet? E, finalmente, desinvestimento por desinvestimento, sem OC, sem OM, sem FM, sem DAB, porventura sem satélite e Internet, o que se faz a seguir? Fecha-se a rádio pública?
Que diria um português se chegasse a Paris e constatasse que a France Inter se escutava há 3 meses de forma medíocre na capital francesa? Que diria um responsável da RTP que fosse a um subúrbio de Londres e verificasse que a cobertura FM da BBC Radio 2 era deficiente? Será tão complicado facilitar os meios económicos para a aquisição de uma torre e um conjunto de antenas? Ou esgotaram o orçamento na organização do Festival da Eurovisão?

Já agora, e vindo em talho de foice, porque não encontrar uma solução para a (não) recepção satisfatória das três Antenas da RTP na região raiana do Baixo Alentejo, entre Barrancos e Mourão, passando por localidades como Vila Verde de Ficalho ou Sobral da Adiça? Ou quem vive no Alentejo profundo não tem o mesmo direito a ouvir as rádios ou públicas (pagas através da CAV) que os habitantes do Porto, de Coimbra ou de Faro? Que tal conceder à direcção técnica da rádio uma verba para a instalação de um emissor que solucione esta situação? Ou ninguém terá na sede da RTP um mapa de Portugal para concluir que o que está a leste de Beja não é um necessariamente deserto inserido no território espanhol, havendo várias localidades do nosso Portugal esquecidas pela rádio pública?

Afinal, a julgar pelos avultados investimentos nas redes de emissores da Antena 1, da Antena 2 e da Antena 3, efectuados nos últimos tempos, os lisboetas não têm direito a escutar condignamente as rádios públicas. Ironia à parte, os alentejanos da raia não têm direito a escutar as três Antenas. Outras situações haverá, de Norte a Sul do continente e passando pelas ilhas da Madeira e dos Açores, onde a obrigação de cobertura nacional da rádio pública não se encontra, claramente, a ser cumprida. Não seria altura de se ver, ainda em 2018, a nova administração da RTP aprovar um plano de manutenção e renovação, a curto e médio prazo, do parque de emissores das rádios? Ou as recomendações do Conselho Geral Independente da RTP caem em saco roto? Para a RTP, há ouvintes de primeira e ouvintes de segunda (excepto na hora de pagar a Contribuição Audiovisual), conforme a região do país onde vivem? Espero bem que não, mas...

Por último, senhores administradores da RTP, por que não aceitar o desafio de atribuir 1% da CAV directamente à direcção de engenharia da rádio? O dinheiro não chega para o marisco? Almoça-se carapau, de modo a haver meios para pagar as contas do mês.

segunda-feira, março 05, 2018

Rádio Onda Viva (Póvoa de Varzim) vandalizada por causa do futebol(!)

Há atitudes petulantes, protervas, indecentes, atrozes, pungentes... para não esgotar os adjectivos adequados, existentes na língua portuguesa. Segundo o "Jornal de Notícias", um grupo de flibusteiros acéfalos, para não dizer simplesmente "idiotas", ter-se-á dirigido às instalações da Rádio Onda Viva (Póvoa de Varzim), no intuito de vandalizar o edifício, com inscrições relativas ao futebol. Tudo por causa da decisão tomada pela rádio, no sentido de voltar a transmitir os relatos do Rio Ave FC.

Que o futebol move paixões, já sabemos. Não obstante, levar as guerras clubísticas ao ponto da violência exercida contra os meios de comunicação social, em nome de um fanatismo vazio de razão, jamais contribuirá para a defesa do verdadeiro espírito do desporto; saber respeitar os adversários é um exercício racional de cidadania e de inteligência. Estas provocações lamentáveis devem servir de incentivo às rádios para fazerem mais e melhor em prol do verdadeiro desporto, doa a quem doer, incomode quem tiverem de incomodar. Há quem não goste? Paciência. Se determinados espécimes animais Homo sapiens  adultos não se sabem integrar numa sociedade civilizada, tais criaturas deviam simplesmente ser proibidas de entrar num estádio de futebol, quanto mais aproximar-se de um estúdio de rádio.

Lisboa: torre da RTP (rádio) no Monsanto colapsa!

A RTP "viu", há uns meses (em Dezembro de 2017), a torre da rádio pública na Serra do Monsanto, em Lisboa, não resistir ao mau tempo, tendo esta sofrido danos consideráveis.

Perante tal imprevisto, as emissões FM dos canais do serviço público de rádio (Antena 1- 95,7 MHz, Antena 2 - 94,4 MHz, Antena 3 - 100,3 MHz e RDP África - 101,5 MHz) estão, para já, a ser asseguradas provisoriamente a partir da torre da Rádio Renascença, ainda que os emissores das quatro frequências estejam a operar com potência reduzida (apenas 2 kW).

Tratando-se "apenas" do emissor mais importante da Grande Lisboa e da região Sul (margem Sul do Tejo, além de toda a região da Estremadura,e, inclusivamente, algumas zonas do Ribatejo), esta situação resulta numa grave perda da integridade da rede de emissores da RTP-rádio, tanto mais que boa parte dos concelhos com maior população em Portugal vê-se agora com dificuldade para sintonizar de forma adequada as rádios públicas.

O último programa "Em Nome do Ouvinte", do dia 2 de Março, revela-se deveras esclarecedor: segundo o departamento de engenharia da rádio pública, a instalação de uma torre nova, incluindo elementos radiantes novos, custa 150000€ (0.08 % da contribuição audiovisual). Na conversa com o Provedor do Ouvinte, a Engenheira Ana Cristina Falâncio revela que a direcção técnica da emissora espera por uma resposta da administração da RTP, no sentido de libertar tal verba. Entretanto, a torre da Marinha portuguesa, utilizada pela Rádio Renascença, "carrega" 4 elementos radiantes apontados a Norte (para evitar interacções com os sinais das emissões do grupo RR), prejudicando a cobertura a Sul.

Tendo em conta a prática na RTP, que continua com a política de obrigar os técnicos a fazer os possíveis e os impossíveis para irem resolvendo os problemas com os escassos recursos que dispõem, a máquina bur(r)ocrática da gestão financeira do serviço público impede que, um problema grave que prejudica consideravelmente a recepção das rádios públicas através dos receptores dos ouvintes, seja resolvido de forma tão célere quanto possível. Afinal, falamos da maior concentração populacional do país que se vê parcialmente amputada do serviço público de rádio, não há uma semana, não há um mês, mas há 3 meses!

Face a este cenário - e enquanto a situação não for devidamente resolvida - resta aconselhar os ouvintes localizados na área de influência dos emissores no Monsanto que perderam qualidade de sinal, o recurso a frequências alternativas, quando disponíveis. Neste sentido, os ouvintes situados na zona ribeirinha da cidade de Lisboa, na zona Oeste da Capital, no concelho de Almada e nalgumas zonas dos concelhos de Oeiras e Cascais, poderão sintonizar a Antena 1, a Antena 2 e a Antena 3 através do emissor da Banática, nas frequências 99,4; 88,9 e 100,0 MHz, respectivamente. Por outro lado, os ouvintes em Sintra podem optar pelo emissor de Janas. Quanto à cidade de Lisboa e parte significativa da região a Norte de Lisboa, uma boa alternativa de escuta será a sintonia das frequências do Montejunto (Antena 1 - 98,3 MHz, Antena 2 - 88,7 e Antena 3 - 105,2 MHz). A Sul de Lisboa, é possível, em várias zonas, sintonizar em boas condições os emissores de Grândola (Antena 1 - 99,2 MHz, Antena 2 - 90,6 MHz e Antena 3 - 103,6 MHz). Em certas zonas, é possível sintonizar outros emissores em condições aceitáveis (Fóia [Serra de Monchique], Lousã etc.), pelo que, à falta de melhor solução, constituem alternativas a considerar. De recordar que uma possibilidade de escuta da Antena 1 em grande parte da Estremadura, Ribatejo e litoral alentejano é a sintonia em Onda Média (666 kHz Castanheira do Ribatejo). Esperemos (nós, contribuintes que pagamos, através da factura de electricidade, a contribuição audiovisual ) que a nova administração da RTP tenha o decoro de desbloquear rapidamente esta lamentável situação. Estamos a falar claramente de uma emergência técnica de, repito, 150000€, uma ninharia em comparação com outros custos na empresa.