quinta-feira, março 21, 2013

Os americanos devem estar loucos...

Se a indústria automóvel está ligada à da radiodifusão há décadas, tal deve-se à inclusão de receptores de rádio nos automóveis e veículos em geral, os conhecidos auto-rádios. Dos antigos receptores a válvulas que ocupavam bastante espaço dentro do carro até aos modernos auto-rádios que lêem formatos como o MP3, a tecnologia evoluiu significativamente; no entanto, os rádios não deixaram de ser... rádios, isto é, continuam a receber as emissões electromagnéticas "sentidas" pela antena, que são filtradas e amplificadas dentro do aparelho e transmitidas electricamente aos altifalantes do carro. Mas... e se os rádios dos futuros carros deixassem de receber emissões radiofónicas em FM e Onda Média (e porventura emissões digitais)? A acreditar no artigo "A cold, harsh reality for radio" [página Web em inglês], da Radio Ink Magazine, os representantes do sector automóvel americano prevêem que duas marcas de automóveis deixem de disponibilizar rádios AM/FM nos veículos dentro de dois anos e que as restantes marcas abandonem tal sistema dentro de 5 anos. A ideia-chave na cabeça de quem constrói carros é que os consumidores jovens que adquirem automóveis preferem ouvir música através de serviços como o Spotify ou Pandora. Se querem ouvir rádio, podem optar pelo TuneIn ou pelo iHeart - em qualquer dos casos, serviços baseados na Internet.

Se, em teoria, a ideia poderá satisfazer os mais acérrimos defensores das novas tecnologias, a dependência da Internet para a escuta de rádio levanta um conjunto sério de problemas. A começar pelas estações de rádio, que deixam de competir entre si dentro da mesma região para terem de enfrentar a concorrência de, quase literalmente, todo o mundo. Por outro lado, Eric Rhoads, o autor do artigo mencionado, alerta para o facto de boa parte dos compradores de automóveis nos Estados Unidos serem pessoas menos jovens e mais apegadas à rádio. Pessoas que preferem ouvir a rádio da sua região e para quem ouvir rádio na Internet não é a mesma coisa - um factor que pode ser desfavorável às marcas de automóveis se a ideia for avante. Outro problema deriva da própria concepção do sistema: passando os automóveis a comunicar com a Internet através das redes de telemóvel, tal implica que, nos locais recônditos do território americano onde as redes móveis falham, o ouvinte fique impossibilitado de escutar rádio. Pode até acontecer que, ironicamente, o emissor FM mais próximo esteja a umas centenas de metros mas não seja escutado no carro...

Não obstante a importância dos pontos anteriores, existe um quarto argumento verdadeiramente preocupante: numa emergência real, em que os condutores são aconselhados a acompanhar as emissões de rádio, confiar numa estrutura de comunicações tão complexa que assegura a transmissão dos dados desde o servidor ao fornecedor de acesso (ISP) contratado pelo ouvinte, passando pela célula da rede de telemóveis ao qual o ouvinte se encontra ligado e terminando na antena de telemóvel instalada no carro é, se me permitem a analogia, como confiar no INEM a partir do momento em que o serviço de emergência médica deixasse de usar quaisquer helicópteros - se, em condições normais de circulação rodoviária, as ambulâncias têm -em maior ou menor grau - de se sujeitar às circunstâncias do trânsito, imagine-se uma situação em que dezenas de acidentados têm de circular por uma estrada onde, além das respectivas ambulâncias, circula uma quantidade elevada de veículos não prioritários que acaba por causar engarrafamentos. Pior: e se uma das estradas vitais para o escoamento dos pacientes estiver cortada? O helicóptero pode ser mais caro e ter outros problemas, mas voa (literalmente) por cima de quaisquer problemas de tráfego rodoviário. Voltando à rádio, o que seria se a quantidade de ouvintes preocupados com uma catástrofe em solo americano se ligasse à Internet numa altura em que parte das infra-estruturas de dados estivesse destruída, sujeitando-se ao congestionamento da rede global, para não falar de zonas do país onde as células das redes móveis não resistissem à calamidade? Com uma recepção de rádio por via hertziana, desde que as antenas de radiodifusão não sejam afectadas, milhões de condutores podem ter acesso instantâneo a informação em tempo real, uma vez que a qualidade da transmissão não depende do número de ouvintes. Na Internet, a largura de banda disponível no servidor tem de ser partilhada pelos ouvintes - se demasiados ouvintes tentam acompanhar a emissão, a rede não dá vazão a tantos pedidos e uma parte significativa dos cibernautas simplesmente não consegue ouvir rádio via Internet. Num país caracterizado por regiões frequentemente sujeitas a furacões e onde já ocorreram ataques terroristas graves, além de outras tragédias, depender da Internet numa situação de emergência pode agravar ainda mais o sofrimento físico e psíquico das populações, se estas ficarem impossibilitadas de escutar rádio no intuito de recolher informação que, em última análise, pode salvar vidas!

Último argumento, intimamente ligado ao quarto: uma célula de telemóvel cobre uns escassos quilómetros. Um emissor FM de média/elevada potência cobre dezenas até mais de uma centena de quilómetros. Em caso de emergência, o emissor FM pode ser escutado em áreas altamente desvastadas. As células  da rede móvel, se não colapsarem, podem ficar inoperacionais por perderem o contacto com outras infra-estruturas. Se o comum do cidadão pudesse optar, qual dos sistema preferiria, considerando a fiabilidade e eficiência?

quarta-feira, março 13, 2013

Habemus Papam!

A eleição de um papa não é apenas um evento que mexe com a comunidade católica, mas sim uma notícia que corre nos meios de comunicação social de todo o mundo. A rádio não é, naturalmente, uma excepção, tendo acompanhado a actualidade na cidade do Vaticano, desde a saída de fumo branco até à saída de cena do recém-empossado Papa Francisco I.

Por cá, em Portugal, como não poderia deixar de ser, a Rádio Renascença e a Rádio Sim estiveram, naturalmente, em simultâneo a acompanhar em tempo real o desenrolar da situação no Vaticano. A Antena 1 e a TSF também alteraram a sua programação no intuito de seguir a apresentação pública do cardeal Jorge Bergoglio como o sumo pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana.

No plano internacional, a cobertura das cerimónias protocolares era também acessível recorrendo à Onda Média, faixa de radiodifusão onde se escuta, entre outras, a Cadena COPE, a RNE 1, a France Info, sem esquecer a BBC (R. 5); socorrendo-me da Internet, constatei que a MDR (Alemanha), a R. Polska  (Polónia), a RAI 1 italiana e, claro, a própria Rádio Vaticano transmitiam programação semelhante. Decerto que muitas outras rádios no mundo inteiro divulgaram em directo o momento em que a Igreja Católica ganhou um novo líder e onde o Estado do Vaticano passou a ter um novo chefe. De referir que esse momento também fica para a história mundial mercê de uma particularidade verdadeiramente interessante: Jorge Bergoglio não é apenas o primeiro papa sul-americano como também é o primeiro jesuíta e, acima de tudo, o primeiro pontífice a adoptar o nome de Francisco, fazendo recordar S. Francisco de Assis.

Independentemente da convicção religiosa de cada um, há que reconhecer o verdadeiro fenómeno de cobertura mediática em torno de uma eleição de um líder religioso, sobretudo quando a rádio, o meio de comunicação social por excelência, divulga literalmente para todo o mundo a escolha do sucessor de S. Pedro. Poucos são os eventos que merecem um tratamento tão alargado na rádio, em muitos países e nas mais variadas línguas faladas nos quatro cantos do planeta. Acima de tudo, esta é a magia da rádio: ligar povos e culturas em torno de um assunto ao qual a esmagadora maioria dos ouvintes não é simplesmente indiferente.

segunda-feira, março 04, 2013

Rádio XL Romântica troca de frequência com a Rádio Voz de Santo Tirso

A acreditar nas declarações proferidas num tópico do "Fórum Ondas da Rádio" e nas últimas intervenções da Rádio Voz de Santo Tirso no "Facebook", a Rádio XL Romântica (Vila do Conde; ex- Rádio Foz do Ave), que emitia nos 88,6 MHz, trocou de frequência com a Rádio Voz de Santo Tirso (98,4 MHz). Assim, o operador vilacondense emite desde hoje nos 98,4 MHz com 2 kW P.A.R., enquanto que a RVST continua a operar com 400 W, mas agora nos 88,6 MHz.

As mesmas fontes revelam que a RVST emite RDS [PS: "RVSTIRSO"] nos 88,6, enquanto que a XL Romântica não activou ainda esta funcionalidade. Aparentemente, a XL emite em mono, apesar do piloto estéreo. Crê-se que o objectivo da troca será a melhoria das condições de recepção da XL Romântica no Grande Porto, já que os 88,6 MHz são pressionados pela NFM nos 88,4 MHz Monte da Virgem, especialmente em receptores de selectividade medíocre, enquanto que os 98,4 são uma frequência mais "limpa".

Esta não é a primeira vez que duas rádios locais do Grande Porto trocam de frequência por forma a melhorar a recepção de uma delas em detrimento da outra: o precedente foi aberto quando a então Rádio Lidador/actual Rádio Sim-Porto e a Vodafone FM (ambas licenciadas para o concelho da Maia) efectuaram uma operação semelhante, colocando esta última nos 94,3 MHz e migrando a Lidador (mais tarde Rádio 5 e Rádio Sim - Porto) para os 100,8 MHz.

Rádio Mar passa a chamar-se Rádio 5 FM

A Rádio Mar, operador licenciado para o concelho de Póvoa de Varzim (89,0 MHz) vai mudar de designação para "Rádio 5 FM", conforme atesta uma deliberação da ERC aprovada no passado dia 20 de Fevereiro. O mesmo documento da entidade reguladora para a comunicação social autoriza a alteração do projecto aprovado para a estação, reflectida na mudança de categoria de generalista para temática musical.


sexta-feira, março 01, 2013

TSF: 25 anos no ar

29 de Fevereiro de 1988: o dia em que Lisboa viu nascer uma nova estação de rádio pirata a emitir nos 102,7 MHz sob a designação "TSF". Se é verdade que «o homem sonha e a obra nasce», a TSF tem o privilégio de poder ser considerada não uma mas sim a rádio de informação em Portugal. Durante estes 25 anos, a TSF foi das poucas rádios que sempre se manteve fiel aos princípios que levaram à sua formação: informar os ouvintes de «tudo o que se passa», indo «ao fim da rua, ao fim do mundo» para trazer aos ouvidos de quem a sintoniza a realidade portuguesa e de outros países. 

Sendo certo que fazendo anos "apenas" de quatro em quatro anos, o facto de 2013 não ser um ano bissexto não invalida as comemorações de um quarto de século que transformou a TSF numa marca respeitada do jornalismo português, reconhecida por todos, independentemente das convicções filosóficas, políticas e sociais de cada ouvinte. É certo que a rádio não é o que era há 25 anos e que o país e o mundo mudaram, mas a TSF, apesar das dificuldades, continua a mostrar ao país que vale a pena ouvir rádio.

A todos os profissionais da TSF, apresento os meus parabéns pelo trabalho desempenhado em prol do jornalismo português e dos ouvintes, desejando boa sorte para o futuro.