Contando a história de forma lacónica, Jim Solatie, um DXista, entusiasta da captação de emissões de rádio a centenas e milhares de quilómetros da antena emissora, conseguiu sintonizar, na Finlândia e a cerca de 140 km da capital do país, Helsínquia, o sinal FM da Rádio Observador nos 98,4 MHz, que é emitido das antenas localizadas no Monte de Santa Eufémia, no limite geográfico dos concelhos de Vila do Conde e da Trofa. Contas feitas, uma distância na ordem dos 3000 a 3200 km.
Esta captação extraordinária, registada no passado dia 12 de Julho, foi o assunto do programa "E=mc^2" do dia de hoje, que pode ser ouvido em podcast. Para comentar esta situação insólita, a Rádio Observador convidou o professor Nuno Borges de Carvalho, da Universidade de Aveiro. Não obstante, e salvo o devido respeito pelo senhor professor, considero que a explicação terá sido um pouco confusa, mormente para um leigo, pelo que tomei a iniciativa de tentar ajudar a compreender melhor o fenómeno.
Antes de mais, permitam-me que recomende um artigo da minha autoria onde, modéstia à parte, tento descrever, da forma mais simples que consegui encontrar, as várias formas de propagação de sinais de rádio FM a distâncias elevadas. Tenho feito um esforço para descomplicar, na medida do possível,esta matéria, quando praticamente toda a bibliografia existente encontra-se em inglês e noutras línguas que não o português.
Regra geral, a propagação das ondas de rádio no FM é feita em linha de vista, podendo atingir, no máximo e em condições muito favoráveis, uma distância de cerca de 160 km. Contudo, por vezes surgem condições atmosféricas que possibilitam a recepção de sinais a centenas ou até milhares de quilómetros do emissor.
O fenómeno de propagação mais comum é o da condução troposférica, que ocorre quando há uma inversão térmica que faz com que as ondas fiquem "presas" num "canal" por onde circulam por centenas ou até milhares de quilómetros. Os sinais costumam permanecer de forma relativamente estável durante longos minutos ou até horas e este tipo de propagação é mais comum e tem maior intensidade no Verão, nomeadamente durante a noite. No Sul do continente, na margem Sul do Tejo, no Alentejo e no Algarve, não é raro ouvir-se no Verão estações de rádio marroquinas, madeirenses e até, por vezes, das ilhas Canárias, a cerca de 1300 km da nossa costa! Também é comum ouvir, em certas zonas do Sul e Centro, rádios do Norte do país.
Outro fenómeno, que geralmente ocorre no início do Verão, (sobretudo entre finais de Maio e meados de Julho), é a propagação ionosférica via esporádica "E". Afectando sobretudo as frequências mais baixas da banda FM (87,5~108 MHz), mas podendo subir inclusivamente acima dos 108 MHz, permite a recepção de rádios localizadas a milhares de quilómetros de Portugal. A título pessoal, já captei emissões de países como o Reino Unido, a Itália, a Croácia, a Tunísia, entre outros. Aliás, tenho inúmeros vídeos de captações no meu canal do YouTube.
De referir que existem outros tipos de propagação, que por razões de espaço não abordarei nesta publicação, sugerindo ao leitor que consulte o artigo supramencionado.
Considerando o que se sabe e o que foi dito, parece-me que a captação resulta da condução troposférica invulgarmente favorável, que criou uma "estrada" na atmosfera por onde as ondas da Rádio Observador viajaram até à Finlândia - o que não deixa de ser um feito digno de registo. Não sei falar finlandês, mas vou dizer: Congratulations, Jim Solatie! Nice catch! Como se diz na gíria, bons 73 a todos os que gostam de realizar captações de sinais de rádio a distâncias consideráveis!
Esta captação extraordinária, registada no passado dia 12 de Julho, foi o assunto do programa "E=mc^2" do dia de hoje, que pode ser ouvido em podcast. Para comentar esta situação insólita, a Rádio Observador convidou o professor Nuno Borges de Carvalho, da Universidade de Aveiro. Não obstante, e salvo o devido respeito pelo senhor professor, considero que a explicação terá sido um pouco confusa, mormente para um leigo, pelo que tomei a iniciativa de tentar ajudar a compreender melhor o fenómeno.
Antes de mais, permitam-me que recomende um artigo da minha autoria onde, modéstia à parte, tento descrever, da forma mais simples que consegui encontrar, as várias formas de propagação de sinais de rádio FM a distâncias elevadas. Tenho feito um esforço para descomplicar, na medida do possível,esta matéria, quando praticamente toda a bibliografia existente encontra-se em inglês e noutras línguas que não o português.
Regra geral, a propagação das ondas de rádio no FM é feita em linha de vista, podendo atingir, no máximo e em condições muito favoráveis, uma distância de cerca de 160 km. Contudo, por vezes surgem condições atmosféricas que possibilitam a recepção de sinais a centenas ou até milhares de quilómetros do emissor.
O fenómeno de propagação mais comum é o da condução troposférica, que ocorre quando há uma inversão térmica que faz com que as ondas fiquem "presas" num "canal" por onde circulam por centenas ou até milhares de quilómetros. Os sinais costumam permanecer de forma relativamente estável durante longos minutos ou até horas e este tipo de propagação é mais comum e tem maior intensidade no Verão, nomeadamente durante a noite. No Sul do continente, na margem Sul do Tejo, no Alentejo e no Algarve, não é raro ouvir-se no Verão estações de rádio marroquinas, madeirenses e até, por vezes, das ilhas Canárias, a cerca de 1300 km da nossa costa! Também é comum ouvir, em certas zonas do Sul e Centro, rádios do Norte do país.
Outro fenómeno, que geralmente ocorre no início do Verão, (sobretudo entre finais de Maio e meados de Julho), é a propagação ionosférica via esporádica "E". Afectando sobretudo as frequências mais baixas da banda FM (87,5~108 MHz), mas podendo subir inclusivamente acima dos 108 MHz, permite a recepção de rádios localizadas a milhares de quilómetros de Portugal. A título pessoal, já captei emissões de países como o Reino Unido, a Itália, a Croácia, a Tunísia, entre outros. Aliás, tenho inúmeros vídeos de captações no meu canal do YouTube.
De referir que existem outros tipos de propagação, que por razões de espaço não abordarei nesta publicação, sugerindo ao leitor que consulte o artigo supramencionado.
Considerando o que se sabe e o que foi dito, parece-me que a captação resulta da condução troposférica invulgarmente favorável, que criou uma "estrada" na atmosfera por onde as ondas da Rádio Observador viajaram até à Finlândia - o que não deixa de ser um feito digno de registo. Não sei falar finlandês, mas vou dizer: Congratulations, Jim Solatie! Nice catch! Como se diz na gíria, bons 73 a todos os que gostam de realizar captações de sinais de rádio a distâncias consideráveis!
1 comentário:
Também já ouvi a rádio monte Carlo em plena A2 no Alentejo, bem como outras rádios italianas. No verão é muito recorrente
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