Enquanto o mundo assistia pela comunicação social ao drama na redacção do jornal satírico francês "Charlie Hebdo" e no supermercado judaico na região de Paris, a Rádio Voz do Neiva (98,7 MHz Vila Verde - distrito de Braga) viu os seus estúdios serem vandalizados, alegadamente por dois homens. Segundo o "Jornal de Notícias", a dupla terá danificado computadores, microfones, mesas de mistura e auscultadores.
Não tendo, aparentemente, furtado nenhum bem, os criminosos teriam a intenção de silenciar a rádio. Felizmente, tal propósito não foi conseguido, uma vez que o operador vila-verdense recorreu a equipamentos de recurso para assegurar o funcionamento da estação. Ainda assim, a emissão ficou interrompida por cerca de uma hora.
Considerando o período temporal em que o crime ocorreu, tendo contornos próximos ao do massacre no Charlie Hebdo, a estação optou, de forma ajuizada, por não assustar as populações da região, tendo denunciado publicamente a situação apenas neste fim-de-semana. Noutras circunstâncias, um episódio desta gravidade chegaria rapidamente à restante comunicação social. Sendo certo que deste caso resultaram apenas danos materiais avultados, a divulgação pública do ataque numa altura em que em França decorreu uma tragédia parecida em que várias pessoas perderam a vida em nome da liberdade de expressão, poderia induzir, de forma completamente desnecessária, o pânico na população de Vila Verde e da região minhota.
Ressalvando-se a devida distância, não só geográfica como nas consequências) entre os dois ataques à comunicação social, os dois crimes perpetrados por pessoas intolerantes ao poder dos media, servem de motivação à defesa incondicional da liberdade de expressão e dos direitos humanos em geral. Matar ou destruir para calar quem nos critica não é razoável na sociedade moderna europeia.
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