Na era da emergência de novos paradigmas de comunicação, onde o consumo de música e a escuta online de rádio nos smarphones e outros dispositivos se revela uma tendência crescente, os fabricantes tendem a ignorar as tecnologias mais antigas de comunicação, nomeadamente a rádio via FM.
Quando muitos fabricantes "esquecem" a opção de escuta de rádio FM nos smartphones, eis que, nos Estados Unidos, país onde, nos últimos tempos, várias regiões têm sido fustigadas por furacões, a FCC (órgão regulador congénere da ANACOM portuguesa), tem defendido a activação do rádio FM nos iPhones.
Com efeito, quando as redes móveis falham, quando não há Internet, quando outros serviços de comunicações ficam comprometidos, a rádio, que pode só depender dela própria assim tenha emissores operacionais durante um desastre natural, pode transmitir informações importantes para a segurança das populações afectadas, desde que estas tenham um receptor. Ainda que a Apple já tenha afirmado que as últimas versões do iPhone, que, como sabemos, já nem sequer têm entrada de 3,5 mm para os auscultadores, não disponham de hardware que permita a recepção de rádio, este pode ser um precedente para outros fabricantes que, não obstante utilizarem hardware compatível com a recepção de rádio, não activarem tal funcionalidade. Na verdade, em certos modelos, chega-se à situação de se conseguir colocar rádio FM utilizando uma aplicação externa, como o "Spirit2".
Na minha óptica, uma pessoa que compra um aparelho devia ter o direito de explorar todas as potencialidades do hardware, sobretudo quando este utiliza um sistema operativo tão vertátil quanto o Android. Incluindo a recepção de rádio FM, quando o equipamento dispõe de um chip adequado para o efeito. Até porque há situações onde o acesso à rádio online pode ser difícil (por exemplo, em situações de sinal fraco da rede 3G/4G), pode ser caro ou até pode estar comprometido por avaria ou dano grave nas estruturas que suportam as redes móveis. Com maior alcance geográfico e sendo um serviço completamente gratuito, a rádio por via hertziana é, indubitavelmente, a melhor alternativa de acesso à informação em situações catastróficas - e, por cá em Portugal, a tragédia relativamente recente em Pedrógão Grande foi, claramente, um bom exemplo de episódio em que a rádio prestou um verdadeiro serviço público às populações afectadas.
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