terça-feira, fevereiro 13, 2018

Dia Mundial da Rádio

Um dos meus primeiros "companheiros" desta constante viagem pelo mundo da rádio


Em pleno Dia Mundial da Rádio, sinto-me compelido  a lançar  uma questão: onde está a rádio? A resposta, quiçá um pouco inesperada, será, a meu ver, que a rádio está em casa, no carro, no escritório, na fábrica, na rua, no estádio de futebol, no comboio, no autocarro, até no metropolitano, no avião, para nem falar locais menos agradáveis como o hospital ou a prisão. Com efeito, a rádio está em todo o lado, assim haja um ouvinte interessado em ouvi-la e tenha um meio tecnológico (receptor, telefone etc.) para o fazer.

Atrever-me-ia a afirmar que o maior trunfo da rádio sobre os restantes meios de comunicação social, de informação e entretenimento, não será somente facilidade de acesso, mas também a inegável vantagem de se concentrar num único sentido, o da audição. A trabalhar, a estudar ou a viajar, é  possível ter o som da rádio a acompanhar-nos enquanto estamos ocupados com alguma tarefa. Esta flexibilidade contribui para o sucesso da rádio perante o advento de outros meios, como a televisão ou a Internet, que poderiam ameaçar o futuro da rádio. Em vez disso, a rádio soube adaptar-se a novos paradigmas de comunicação, mantendo a sua inconfundível "magia", que atrai milhões de ouvintes em todo o mundo.

Não podemos ignorar que o perfil de consumo das emissões radiofónicas mudou ao longo dos anos. As novas tecnologias influenciam a forma como se ouve rádio e se acede aos conteúdos oferecidos pelas estações de rádio; a emergência da Internet veio quebrar as barreiras geográficas que limitavam o alcance de uma emissão de rádio a uma região, a um país ou até a outros países. A massificação do "online" permite a uma rádio local algarvia ou transmontana fazer-se ouvir em Paris ou Toronto. Nunca, na História da humanidade, foi tão fácil como hoje escolher entre, literalmente, milhares de rádios oriundas dos 4 cantos do mundo e ouvir num aparelho que cabe no bolso. Estou convicto que o grande desafio das emissoras será a produção de conteúdos inovadores que se destaquem entre as inúmeras alternativas, incluindo os serviços de música via "streaming", como o "Spotify" ou a "Apple Music". O "podcasting" é uma ferramenta extremamente útil para aproximar os ouvintes da "sua" rádio, permitindo-lhes ouvir os seus programas favoritos onde e quando quiserem. As webrádios podem oferecer conteúdos diferentes dos transmitidos pelas rádios hertzianas. O que não falta, em 2018, são meios  para aproveitar o melhor da Internet a favor da rádio.

Inobstante as considerações anteriores e a título pessoal, eu acredito que a rádio hertziana vai conviver com a rádio "online" por muito tempo. Se a Internet ainda não é um direito universal, não é menos verdade que se trata de um serviço pago, ao qual acresce o custo do equipamento informático para o acesso à rede global (computador, smartphone, tablet etc.). Além disso, a Internet depende de uma complexa infra-estrutura que tem vulnerabilidades que comprometem o seu funcionamento, mormente em situações de catástrofe. A contrastar com estas contingências, um pequeno receptor de rádio hoje pode ser ridiculamente barato e, inclusivamente, pode nem precisar da rede eléctrica ou de pilhas, porquanto tem uma bateria que pode ser carregada por uma pequena manivela (dínamo) ou até por energia solar. As tragédias ocorridas em Portugal no ano passado (2017) demonstraram claramente a importância das emissões FM quando não havia corrente eléctrica, as redes móveis estavam inoperacionais, a televisão não tinha sinal e a Internet fixa também não funcionava. Até a continuação do FM pode ser colocado em causa, como ocorre na Noruega, todavia a rádio hertziana, analógica ou digital (DAB, satélite etc.), apresenta uma versatilidade inigualável, incluindo o acesso gratuito.

Para terminar, é minha convicção que a rádio, no sentido mais genérico da palavra, pode ter futuro, assim saiba arriscar e moldar-se aos interesses e ambições das gerações mais novas. Porque, como dizia Antoine de Saint-Exupéry, "o essencial é invisível aos olhos".

1 comentário:

chateau disse...

Raramente vejo televisão a não ser telejornais. Da radio sou um viciado