Quando o Parlamento Europeu aparenta não ter mais nada de importante para discutir, eis que os senhores deputados se lembram de apresentar uma medida de inventivo à escuta das emissões de rádio através da tecnologia digital DAB/DAB+. Se o projecto da directiva europeia for levada avante, os fabricantes de automóveis e os de auto-rádios serão obrigados a fabricar rádios que, podendo manter a funcionalidade de recepção das emissões FM e OM, terão obrigatoriamente de permitir a recepção das emissões digitais DAB/DAB+. Isto se a rádio digital estiver disponível na região do feliz comprador do automóvel novinho em folha...
Já por várias ocasiões falei neste blogue da rádio digital - e mantenho tudo o que escrevi. Se a rádio digital promete ser o futuro em países como o Reino Unido,a Suíça ou a França, há outros países europeus em que, para já, um auto-rádio com DAB só é útil para sintonizar as emissões FM. Com efeito, (já) não existem emissões DAB/DAB+ na Finlândia; bem mais perto de Portugal, na vizinha Espanha só existem emissões digitais nas regiões de Madrid e Barcelona. Outros países europeus têm uma cobertura radioeléctrica do DAB/DAB+ ainda muito limitada. E mesmo na Noruega, país não pertencente à União Europeia mas que teve a atitude radical de desligar as rádios nacionais em FM no ano passado (2017), obrigando as populações a comprarem receptores digitais, há muito boa gente que não ficou muito satisfeita...
E por cá? Como foi dito em Janeiro de 2017, Portugal não tem condições para acabar com a rádio FM a curto prazo. Num país onde as rádios locais sobrevivem mantendo mesas, microfones e outros equipamentos com mais de 20 anos de operação, onde sem a solidariedade dos ouvintes e empresários da região seria muito difícil restabelecer a emissão FM depois de uma estação "ver" a sua torre caída mercê de condições meteorológicas extremas, num país com um dos salários mínimos nacionais mais baixos da Europa e onde muitos profissionais da rádio (inclusivamente na rádio pública) permanecem em situação laboral precária há demasiados anos, diria, socorrendo-me de um ditado popular, que quem não tem dinheiro não tem vícios. Não tenho dúvidas que a digitalização da rádio é o futuro, todavia, ao custo a que está a tecnologia digital nos dias de hoje, não há condições para as rádios portuguesas, especialmente as dos operadores locais, procederem a uma profunda actualização tecnológica compatível com a operação em modo exclusivamente digital. Quiçá se possa pensar melhor quando os custos de aquisição e funcionamento dos equipamentos de emissão em DAB+ diminuam substancialmente...
3 comentários:
Concordo que será ainda difícil, por enquanto, a transição total do FM para o DAB, especialmente para as rádios locais.
Recordo que, desde o dia 14 de novembro de 2018, aumentou consideravelmente o quantitativo de estações de rádio a emitirem em DAB na Bélgica, existindo a curto prazo um plano de expansão da rede. Também a França tem vindo, semana após semana, a aumentar a rede de emissores em DAB. Na Itália e Suíça acontece precisamente o mesmo. Estes incrementos na rede emissora DAB não terminou com o FM, existindo um período de transição, de maior ou menor duração, que permite a coexistência das duas tecnologias, favorecendo os ouvintes. Julgo que deverá ser este o caminho a percorrer por Portugal. Quanto ao preço de recetores, encontram-se por aqui, na Bélgica, a partir de um valor de €30. A maioria dos novos veículos já está equipada com a capacidade de receção em DAB, mantendo também o FM e mesmo a receção em Onda Média. Para quem, como eu, ouve o sistema DAB, com qualidade equivalente a som de CD, de facto não quer ouvir o FM.
Podem acompanhar a tecnologia e implementação do DAB neste sítio na internet: https://www.worlddab.org/news
Face ao que se pode constatar, na ligação supra indicada, Portugal já está atrasado na adoção desta tecnologia (ou outra?) que acompanhe, no mínimo, os restantes países europeus, que concretizam já as suas redes de emissores (prevalecendo o DAB+).
Dab é bosta
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