Rádio. Bastam cinco letras para designar o meio de comunicação social que revolucionou o mundo no século XX.No Dia Mundial da Rádio, não poderia deixar de falar na verdadeira essência da rádio - as pessoas.
A rádio é feita por pessoas, para pessoas; é feita por jornalistas que trabalham todos os dias para informar os ouvintes acerca do que se passa na sua terra, no seu país ou no mundo. A rádio é feita pelos animadores que dão a voz a programas. A rádio é feita por quem empresta a sua voz às ondas do éter ou às emissões online. Permitam-me que saúde todos os homens e todas as mulheres que, dia após dia, falam para o microfone de uma estação de rádio, qual dispositivo eléctrico quase mágico que permite à voz humana "viajar" quilómetros e quilómetros até aos aparelhos de recepção dos ouvintes.
Sem menosprezo por quem faz ouvir o som da sua voz através da rádio, gostaria de destacar especialmente aqueles que trabalham nas rádios mas "não têm voz". A rádio funciona porque há homens e mulheres "invisíveis" (melhor dizendo, invisíveis e inaudíveis), pessoas cujos nomes são quase sempre desconhecidos dos ouvintes. Estou-me a referir aos profissionais que, não tendo o protagonismo de quem está à frente de um microfone, são essenciais para que as emissões decorram normalmente e para que os demais funcionários da estação possam trabalhar nas melhores condições possíveis. Gente que trabalha dentro e fora do estúdio ajudando quem tem alguma coisa a dizer ao mundo.
Gostaria de aludir, em particular, aos homens que trocam o conforto dos estúdios pelo calor e pelo frio, aqueles que, no sentido mais literal da expressão, trabalham à chuva e ao sol, à neve e ao nevoeiro, ao vento e ao granizo, ao bom e ao mau tempo, subindo e descendo montanhas e vales. Homens corajosos que sobem e descem torres de Norte a Sul de Portugal e dos outros países. Refiro-me, naturalmente, aos técnicos, quais paramédicos das ondas hertzianas, montam e desmontam antenas, ligam e desligam cabos. Tudo para que a emissão chegue nas melhores condições aos receptores dos ouvintes. Verdadeiros "guerreiros do éter", cujo trabalho que é raramente evocado pelas vozes da rádio (com a honrosa excepção do Provedor do Ouvinte da RTP), é fundamental para que os ouvintes possam escutar as suas rádios favoritas com a melhor qualidade de recepção.
Neste dia especial, gostaria de cumprimentar todos os profissionais da área da radiodifusão que visitam o blogue "Mundo da Rádio", agradecendo o trabalho desenvolvido em prol da rádio. Como referi, a rádio encontra o sentido da sua existência na natureza humana. Quem ouve rádio espera encontrar alguém que fala como um ser humano, pensa como um humano, sente como um humano e age como um humano. Que outra coisa consegue ter um comportamento humano tão natural quanto os humanos a não ser os próprio seres humanos? Por mais evoluídos que sejam os sistemas de automação das emissões de rádio, por maiores evoluções que surjam nas tecnologias, nenhuma máquina será capaz de substituir umas das características intrínsecas à condição humana: ter sentimentos. A extraordinária reacção de riso motivada por uma situação caricata ou de choro perante uma tragédia. Aliás, a capacidade de transmitir, unicamente através da voz tal estado de espírito, despertando a imaginação dos ouvintes. Nenhum algoritmo implementado num software informático será capaz de organizar uma "playlist" que espelhe o pensamento de uma pessoa que selecciona criteriosamente as músicas baseado no seu gosto e na ideia que quer transmitir aos ouvintes.
Numa era em que a tentação por automatizar operações leva à descaracterização de algumas rádios, diria que um computador a "debitar" música escolhida sem critério e com escassa intervenção humana, é um sistema de difusão de música a metro. Não é uma rádio, no verdadeiro sentido da palavra. É uma máquina automática desprovida de qualquer sentimento e incapaz de compreender o ouvinte. Na rádio, o que realmente importa é o som. O som de uma má notícia e o som empolgante de um relato de futebol. O som da música e o som de uma chamada telefónica de um ouvinte. O som, a vibração de ondas sonoras produzida por profissionais no estúdio. Não o som de um computador desprovido de inteligência emocional.
Para terminar, acredito que, se a rádio tem passado, se a rádio tem presente, a rádio terá futuro, assim haja quem tenha algo de útil e interessante a dizer e exista quem queira ouvir. As tecnologias podem mudar, os gostos podem variar, mas a rádio sobreviveu à chagada da televisão e soube adaptar-se à emergência da Internet. Viva a rádio!
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