domingo, outubro 10, 2021

"Palco de Distorção", aos sábados na Rádio Renascença

Não costumo criticar programas da Rádio Renascença, mas desta vou abrir uma excepção, até porque se trata de uma questão exclusivamente técnica e não do conteúdo do programa.

Quem ouve a emissora católica portuguesa nas noites de sábado sabe que a partir das 23 horas tem o "Palco Principal", um programa onde são tocados vários temas de um dos álbuns de um determinado artista ou de uma banda. Um espaço radiofónico muito interessante, que constitui uma boa alternativa às playlists repetitivas das estações de rádio - e que valeria a pena ouvir, não fosse o caso de - como diz o povo - no melhor pano cair a nódoa.

A "nódoa" é o processamento de som intragável, para não dizer péssimo. Na audição hertziana da Renascença, através da rede nacional de emissores em FM, o áudio estéreo tem alguns artifícios. Para piorar as coisas, o áudio em mono "sai" carregadíssimo de artifícios, como se se tratasse de um "stream" a 32 kbps ou com um bitrate ainda mais baixo. Escutar Barclay James Harvest ou Peter Gabriel com um som completamente artificial e distorcido é simplesmente horrível. Até uma cassete analógica do tipo I (ferro) gravada num deck sem Dolby B soaria melhor do que a emissão da RR.

Provavelmente, o problema reside nos ficheiros de áudio, que poderão estar a utilizar "full stereo" em vez do "joint stereo". Em todo o caso, estamos certos que no ano de 2021 não é nada de outro mundo utilizar um software para converter ficheiros noutro formato. E nem sequer será imprescindível recorrer a uma solução informática paga: um bom exemplo de solução gratuita e bastante completa é o "fre.ac".

Eu tenho a consciência que a informação sonora "saída" dos estúdios da RR passa por várias etapas de processamento para ser transmitida para o satélite e descodificada pelos receptores de satélite que alimentam os emissores FM e de Onda Média. Contudo, se mesmo com compressão com perdas (lossy) o som da emissão "normal" é bastante decente, não se compreende como é que a equipa responsável pelo funcionamento do programa, incluindo os técnicos, não tenta reduzir ao mínimo as alterações ao sinal de áudio original. Na era onde facilmente se compra online um álbum em formato FLAC (ou até em CD, mormente se estiver em promoção) por menos de 10€, não seria nada difícil converter os ficheiros de áudio ou "ripar" o CD para MP3 ou AAC com um bitrate elevado e joint stereo.

Rádio é conteúdo mas também é som. Por vezes, bastam pequenos ajustes nas configurações do software para que um áudio mais do que processado e reprocessado "saia" com uma qualidade razoável em vez de uma qualidade execrável. Os ouvintes agradecem.

Sem comentários: