Hoje celebra-se mais um Dia Mundial da rádio e importa falar sobre rádio. Muito se fala da rádio do passado e do presente mas é fundamental pensar o futuro do meio.
Podia debruçar-me sobre as novas tecnologias de transmissão de rádio, como o DAB+ ou novos codecs para emissão online, mas, de que serve as novas tendências da eletrónica e da informática se a rádio faz-se sobretudo de ouvintes?
Não tenho a menor dúvida que o grande desafio que as estações de rádio têm e cada vez mais terão de superar é não só segurar os ouvintes habituais como também, e principalmente, conseguir que um público mais jovem, que cresce na geração dos serviços de streaming de música, das plataformas digitais como o TikTok e dos podcasts comecem a gostar de ouvir rádio. Eu temo que as estações que se limitam a ser pouco mais do que máquinas a tocar música a seguir a música, talvez com um animador que pouco mais diz do que o nome das músicas, as horas e talvez o estado do tempo tenham, a médio prazo, os dias contados. Cada vez mais, é necessário que as rádios percebam que inovar, trazendo conteúdos interessantes e diferenciadores, que cativem os ouvintes, não vai ser uma opção mas sim uma imprescindibilidade para a sobrevivência das estações. A rádio do futuro não pode ser igual à rádio de há 40 anos. E eu acredito que a rádio tem futuro desde que se saiba adaptar a novas realidades de comunicação e de informação. Na rádio do futuro, não basta dizer as notícias por dizer ou tocar músicas por tocar; é preciso que a rádio marque a diferença recorrendo à criatividade, por forma a que diga aos ouvintes alguma coisa que os outros meios não dizem. Não é fácil, claro, mas todos os profissionais terão de estar envolvidos no processo de modernização da rádio.
Uma nota sobre inteligência artificial: também não tenho dúvida que a IA vai ter um papel muito importante no futuro da comunicação social, em especial da rádio. Contudo, os profissionais do meio jamais deverão esquecer-se que a rádio deve ser feita de humanos para humanos, com todas as virtudes e fraquezas da condição humana. Uma rádio de textos escritos e debitados por um computador, que também escolhe as músicas, jamais será uma rádio a sério. Os humanos gostam de ouvir outros humanos a falar com sentimento. Um profissional do microfone é aquele que por vezes ri, outras vezes chora, comete erros, mas não deixa de pensar e de agir como uma pessoa e não como é suposto que um algoritmo implementado num software actue. Por muito avançada que seja a tecnologia, os ouvintes continuarão a ser de carne e osso e vão sempre preferir jornalistas e animadores também humanos.
Não posso terminar sem antes agradecer aos profissionais das rádios o trabalho feito para que a rádio continue viva. Em particular, quero expressar a minha solidariedade com os trabalhadores da TSF, que estão a passar tempos muito difíceis. Esperemos que se concretize a venda da estação a pessoas que queiram voltar a fazer da TSF uma das grandes rádios de Portugal. Viva a rádio!
1 comentário:
Excelente texto. Obrigado. Viva a rádio!
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