quarta-feira, agosto 18, 2021

A rádio, o meio que pode levar informação, música, desporto e entretenimento a quem vive com medo

O mundo assistiu incrédulo ao regresso do regime talibã ao Afeganistão. Enquanto se assiste à fuga desesperada de quem receia ser brutalmente punido ou até morto pelos radicais, os talibãs não perderam tempo a implementar a "Voz da Sharia", a estação que substitui o formato anterior da rádio pública do país. A partir de agora, as emissões nos 1107 kHz cumprem a versão mais fundamentalista da lei islâmica. Não se sabe o que vai acontecer às restantes rádios do país asiático.

Com a comunicação social dominada por um regime cruel que não respeita os mais elementares direitos humanos, eu diria que um acto de coragem no Afeganistão é ligar um rádio na Onda Curta ou na Onda Média para ouvir estações mais liberais do que a visão extremista dos talibãs. A Voz da América e o Serviço Mundial (World Service) da BBC são duas das estações que emitem nas línguas dari e pastó para o Afeganistão. 

Também a Voz da Turquia, a Rádio Internacional da China, a All India Radio e até a Voz da República Islâmica do Irão e a rádio saudita emitem também na Onda Curta para o Afeganistão. Uma coisa é certa: a rádio não conhece fronteiras e consegue fazer-se ouvir mesmo num país onde nos próximos tempos vai ser incómoda para o poder religioso e político.

Diria que um dos grandes medos dos afegãos que não se revêem no fundamentalismo vai ser o de ser apanhado a ouvir uma estação de rádio proibida pela visão radical da religião islâmica. Ouvir uma rádio não simpatizante da causa talibã sem que ninguém se aperceba vai ser um acto heróico para muitos afegãos.

Para quem tiver curiosidade em saber a situação das rádios afegãs e as emissões internacionais dirigidas ao Afeganistão, sugiro a consulta deste guia publicado por um grupo de DX britânico.

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