" Twój ból jest lepszy niż mój". Traduzindo do polaco, "A tua dor vale mais do que a minha". Este é o título de uma canção do artista Kazik Staszewski, cuja letra critica Jarosław Kaczyński, líder do partido Lei e Justiça (PIS) actualmente no poder na Polónia, que foi visitar a campa do seu irmão, o antigo presidente polaco Lech Kaczyński, morto num acidente de avião em 2010, numa altura em que, mercê do confinamento obrigatório imposto aos polacos na sequência da pandemia que o mundo está a enfrentar, ao cidadão comum não era permitido visitar os seus entes queridos no cemitério.
Acontece que a tal canção foi a mais votada dentro da "lista de êxitos" de um programa da rádio pública "Radio Trojka"; não obstante, foi rapidamente removida da lista presente no "site" da estação, o que foi interpretado por muitos como um acto de censura. A polémica estalou no país do pianista Frédéric Chopin e vários profissionais da rádio pediram a demissão. Além disso, vários músicos polacos anunciaram um boicote à estação.
Auto-censura ou pressão política, certo é que parece coisa tirada de um livro de História do século XX, da época em que muitos países tinham comissões de censura a aprovar ou a proibir o que as rádios podiam passar. Velhos tempos em que, por cá em Portugal, a PIDE, quando não apreendia discos, chegava a riscar com um prego o sulco de forma a que determinada canção não pudesse ser tocada devidamente no gira-discos.
Na verdade, muitas rádios públicas, incluindo a famigerada BBC britânica, praticam alguma auto-censura, no sentido de evitar tocar músicas com letra indecente ou que, de outro modo, não sejam aceitáveis numa estação que estabelece um determinado patamar de qualidade. Até em Portugal, a Rádio Renascença sempre baniu alguns temas considerados ofensivos ou atentatórios à moral cristã. Outro tipo de censura, bem mais perigoso, é o que se baseia em critérios políticos ou de outra natureza pouco clara e muitas vezes sem escrúpulos, na tentativa de instrumentalizar uma rádio em nome de uma agenda ideológica. Esperemos que este caso não seja o prenúncio do que está para acontecer na Polónia...
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